por Conceição Lemes
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi criado em 1992 pelo ex-ministro Paulo Renato de Souza (PSDB), atual secretário de Educação do Estado de São Paulo.
Em 2009, ele esculhambou o Enem, quando uma prova foi roubada da Gráfica Plural, do Grupo Folha, com o qual a Secretária da Educação de São Paulo assinou contratos de mais de R$ 27 milhões.
Agora, de novo, Paulo Renato fez críticas pesadas aos erros ocorridos na prova de sábado do Enem 2010.
Paulo Renato sabe melhor do que ninguém que esses “problemas” não deveriam ocorrer, mas ocorrem. Mas parece que se “esqueceu” do que aconteceu com as provas Saresp 2009 ( Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar, da SEE_SP).
O Saresp é uma espécie de clone do Enem. Com diferenças fundamentais. No Enem, o aluno ganha, pois o resultado pode ajudá-lo a entrar na faculdade. Já o Saresp não beneficia em nada o estudante, já que ele avalia o sistema de ensino do estado de São Paulo. Como os resultados verdadeiros são pífios, acabam “manobrados” pelos tucanos que há 16 anos estão à frente da educação em São Paulo. O Saresp é uma autoavaliação do PSDB feita através dos alunos.
O Saresp também serve para a Bonificação por Resultados (BR), onde o professores a até funcionários das escolas “faturam”, conforme as notas obtidas pelos alunos.
Aliás, os números do Saresp “dizem” que a qualidade de educação pública em São Paulo vai bem, embora muitos alunos continuem saindo da escola sem saber ler. Mas isso vamos deixar para outra ocasião.
O importante aqui é que, em 2009, a mídia “comprou” a versão da Secretaria de Educação de São Paulo de que o Saresp do ano passado transcorreu maravilhosamente bem. Só que isso não é verdade.
Por exemplo, em Araraquara (273 km a noroeste de SP), no dia 18/11, 20 mil alunos perceberam, ao mesmo tempo, que as provas de português estavam misturadas com as de geografia — cujo conteúdo só poderia ser conhecido no dia seguinte, junto com a prova de história.
A assessoria de imprensa da SEE disse que o erro de empacotamento das provas foi isolado e não comprometeu a avaliação. Só as provas de geografia seriam substituídas, as demais deveriam ser guardadas.
Em alguns locais, sobraram provas. Em outros, faltaram. Os alunos tiveram de fazer “vaquinha” para xerocar o exame.
Segundo fontes da Secretaria de Educação de São Paulo, amigos dos funcionários foram convidados a ir à gráfica para ajudar a empacotar as provas do Saresp 2009 . Foi no dia em que deu apagão em vários estados brasileiros, devido a Itaipu. Todo mundo ficou no escuro.
São apenas alguns dos “problemas” do Saresp 2009, que Paulo Renato e a mídia corporativa ignoraram lá atrás. E continuaram esta semana, quando se uniram para detonar o Enem. Por que para problemas parecidos tratamentos diferentes? Cadê a isonomia tão alardeada pelos “especialistas” nos últimos dias?
Como o Viomundo defende a isonomia, reproduzimos do excelente NaMaria News dois posts sobre o Saresp 2009. Oprimeiro, publicado em 17 de novembro, mostra o caos e o descontamento dos alunos com a prova. O segundo, de 21 de novembro, faz um apanhado dos vários “problemas” ocorridos.
Em tempos de amnésia tucano-midiática, recomendamos que leiam para entender melhor o que está se passando. A propósito. O que aconteceu com aquela pessoa que foi pega roubando uma cópia da prova do Enem 2009 na Gráfica Plural, da Folha? Se alguém souber, por favor, nos mande informações.
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