quarta-feira, 7 de abril de 2010

Intolerância religiosa - Robinho é um bocó

Laerte Braga

Alastra-se pelo País afora um vírus perigoso e letal para a liberdade. O fundamentalismo religioso a partir de igrejas neopentecostais e justo num momento que a Igreja Católica se desmorona num amontoado de crimes e num papado eivado de equívocos – a começar do próprio papa.


Sexta-feira santa o jogador Robinho e outros do Santos Futebol Clube instigaram companheiros de equipe a não entrar numa casa de amparo a crianças sob a alegação que a entidade era mantida por um Centro Espírita. Jornalistas presentes testemunharam Robinho falando em “casa que tem macumba”.

Robinho é só um bocó que sabe jogar futebol, mas não tem um pingo de carátere elameia as tradições de um clube tradicional (já teve Ulisses Guimarães como presidente), manifestando um preconceito do qual muitas vezes se queixou por ser negro e ter sido pobre.

Deve imaginar que virou branco agora que é rico. Não entendeu nada de nada e nem vai entender, pois foi cooptado pela quadrilha neopentecostal. Não é necessariamente um conjunto de muitas seitas, mas uma ação política deliberada e com propósitos claros de poder no Brasil e em países da América Latina, África, Ásia e que no dizer do quadrilheiro Edir Macedo pretende chegar aos países muçulmanos.

É um dos muitos “atletas de Deus” que fanatizado (é fácil fanatizar idiotas) não percebe o valor e o sentido do ecumenismo na sua essência. Transcende ao respeito, supera limitações estúpidas de pretensão da verdade absoluta, a religiões e se esconde na mediocridade e na infelicidade de não ser ninguém.

O futebol corre o risco, vem correndo faz tempo, tanto que manifestações dessa natureza – religiosas – foram proibidas dentro de campo, de vir a ser permeado por essa hipocrisia gerada a partir de quadrilhas travestidas de “emissários divinos”.
De repente você pode achar que minha crítica seja em si um preconceito contra neopentecostais. Não. Conheço pastores decentes. Mas a projetos políticos de grupos que se estendem a vários setores da sociedade dita organizada, inclusive através de um partido próprio, traz em si o germe da barbárie que se esconde no fanatismo.

E Robinho nem tão bom jogador assim é, nem tão sério ou responsável. Usou de artimanhas e artifícios para fugir do contrato com um clube inglês a pretexto de justificar uma péssima fase em sua carreira.
Como pessoa é só um bocó, um preconceituoso.
Não deve vestir a camisa da seleção brasileira. Não tem estatura para tanto.
Toda a sorte de preconceitos tem sido ressuscitados por grupos religiosos radicais. Ocupam canais de tevê, emissoras de rádio, se valem de cooptar figuras desprezíveis como o jogador Robinho (e outros), pregam a intolerância, como o episódio de sexta-feira santa. Ofendem e depreciam religiões outras. Atiram-se contra homossexuais e lésbicas – há inúmeros casos de pastores que molestam “fiéis, nem sempre em busca de dinheiro, mas de outras coisas também –.

Ser católico, por exemplo, é um direito legítimo consagrado em Constituição, mais que isso, questão de foro íntimo de cada um, ser ou não ser, ser espírita, umbandista, mas o preconceito, de onde quer que venha, a intolerância, o cinismo e o deboche são inaceitáveis, são crimes e ameaçam lançar o Brasil numa Idade Média e num prazo curto que, sem dúvida nenhuma, trará momentos de luta religiosa.

No Rio, hordas de fanáticos neopentecostais têm molestado e agredido umbandistas principalmente. Não diferem dos caras que assaltaram uma trabalhadora para roubar dinheiro e comprar drogas. Esse tipo de fanatismo é uma droga tão letal como cocaína ou crack.

Na verdade encobre apenas projetos políticos de gente como Edir Macedo, os pastores da Renascer, quadrilhas transformadas em “igrejas”.

A meu juízo a atitude de Robinho e dos jogadores dos Santos, a maioria deles, os exclui de vestir a camisa da seleção brasileira que, em síntese, gostando ou não de futebol, representa o esporte preferido dos brasileiros que não questionam se o futebol de Robinho é pentecostal ou não.

E mesmo se achando um Garrincha da vida (que nunca conseguirá ser, é um bocó. Um mau caráter) é um dos muitos e lamentáveis equívocos do futebol.

Não há nada que justifique a convocação de Robinho para a Copa do Mundo. Futebol por si só não é suficiente. É preciso ter grandeza, o mínimo. Ele não tem nenhuma.
Felizes os que estão abrigados na instituição espírita que Robinho não quis deixar seus companheiros visitarem. Deixaram de receber a influência de uma presença negativa em todos os sentidos.

Um episódio isolado? A marcha fanática dessas hordas é muito mais perigosa que se imagina. O Estado do Rio já foi vítima, por oito anos, dos saques do casal Garotinho.

E nem se trata de proibir um culto, uma fé. Mas de prender os bandidos que se valem do direito de ter fé, para propósitos e objetivos outros.
E esse não é o caso de Robinho. Robinho é só um infeliz, um bocó.Um pau mandado. Mas tem que ser punido.

Cabe a CBF – CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL – tomar a atitude necessária para que esse marginal do futebol seja excluído da seleção brasileira.

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