Agora não é um instituto oficial, “do governo”, quem diz. É uma pesquisa do grupo francês BNP Paribas, através da sua financeira Cetelem e da também francesa Ipsos, especialista em pesquisas de mercado, que mostra a redução da pobreza das famílias brasileiras.
Desde 2005, cerca de 30 milhões de brasileiros que estavam nas classes D/E subiram a escada social graças ao aumento de renda e de consumo, e o total de famílias nesta faixa de consumo e renda caiu de 40 para 35% da população brasileira. A classe C expandiu-se de 45 para 49% (o que representa 93 milhões de brasileiros, e as A?B cubiram 1%, para 16% da população.
Entre 2008 e 2009, a renda familiar média mensal caiu nas classes A/B, de R$ 2.586 para R$ 2.533, mas subiu na C (de R$ 1.201 para R$ 1.276) e nas D/E (de R$ 650 para R$ 733). “A crise afetou mais o topo da pirâmide”, avaliou Marcos Etchegoyen, diretor geral da Cetelem no Brasil.
O consumo, facilitado pelas isenções de IPI dadas pelo Governo para combater a crise, foi a grande alavanca deste aumento. Mas não só ele: cresceu a poupança dos mais pobres, também. A pesquisa constatou que a classe C foi a única que direcionou mais dinheiro para aplicações em 2009 do que em 2008, passando de R$ 209 para R$ 633.
Os resultados da pesquisa foram publicados hoje pela Folha e pela Época Negócios.
A elite brasileira teima em não ver o óbvio: quanto menos pobres temos, mais ricos todos somos. A única maneira em que eles não pensam em acabar com os pobres é fazendo com que eles deixem de sê-lo.
Brizola Neto
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