Que Lula é bom de entrevista, todo mundo sabe. Grandes tiradas, presença de espírito incomum, vai chamando os repórteres por “meu amigo fulano” e enredando os caras. Pra fazer entrevista 1 contra 1 com ele, jornalista tem de ser bom, senão Lula transforma em discurso e o cabra fica ali, feito uma criança escutando uma fábula, embasbacado.
O “Canal Livre” (ui!) de domingo, parecia uma armadilha da Band para fazer Lula escorregar: chamaram os pesos-pesados da boquirrotice Casoy e Datena, mais o articulado Mitre, o pseudo-ponderado Joelmir e o aspirante afônico Telles. Gravaram ainda perguntas do Boechat e do Zé Paulo de Andrade. Desses todos aí, o único que ainda alivia alguma coisa pro Lula em suas tribunas é o Datena, mesmo assim tem batido muito nele.
Lula não fugiu, não tergiversou, não enrolou: respondeu a todos, demonstrou saber bem dos assuntos, e ter uma posição bastante clara em todos eles. Não aceitou as provocações do Datena (logo de saída), do Casoy (sobre a censura à imprensa) e do Boechat (uma gracinha besta com as viagens do presidente). E é absolutamente impagável ouvi-lo descrevendo seus colóquios internacionais: “aí eu cheguei, tava lá o Sarkozy, o Obama e a Merckel. Eu falei: é o seguinte, companheiros…”. É o Mané Garrincha da política: pra ele, qualquer jogo é Corinthians x "A Rapa". A camisa não pesa, ele dribla sempre pro mesmo lado e o beque fica no chão.
Ao final, ficou a impressão que todos ali – com exceção do Casoy – gostariam de continuar a entrevista no boteco da esquina, tomando uma e ouvindo os causos do Lulão. Se a imprensa tem os tais sabujos, como dizem por aí, Lula já sabe, definitivamente, como encantá-los.
Por: Aguinaldo Munhoz
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