sexta-feira, 14 de novembro de 2014

As agendas em disputa na segunda gestão Dilma


Dilma terá um Congresso conservador como um de seus maiores obstáculos no segundo mandato. Mas as presenças de Lula e Jacques Wagner na condução política ajudarão a superar estes obstáculos
Dilma terá um Congresso conservador como um de seus maiores obstáculos no segundo mandato. Mas os reforços de Lula e Jacques Wagner na condução política ajudarão a superar estes obstáculos
A presidenta Dilma já teve seu primeiro mandato encerrado, devido as urgências colocadas à mesa, seja por setores conservadores da mídia, pela oposição ou pela renhida disputa interna, que coloca em alerta grupos políticos que se abrigam na coalizão que apóia no parlamento sua administração.
O segundo mandato está antecipado face as agendas que lhes são e serão cobradas. As pressões não serão poucas, mas a capacidade política para geri-las terão que ser muitas.
Fazenda
De imediato é colocada à prova a possibilidade do governo continuar guiando sua política econômica, prestigiando o emprego, a renda e a aceleração de obras importantes. O crescimento econômico é, para alguns críticos e conselheiros de Dilma, fator fundamental para a retomada de um ciclo ainda mais virtuoso de geração de riqueza e distribuição da mesma, em uma intensidade que seja capaz de dar conta do desafio de superar os dados sócio-econômicos gerados na última década e consolidar o Estado de bem estar social.
A presidenta, em silêncio desafiador, é cercada por desenvolvimentistas e agentes do mercado, via imprensa, para escolher, “para ontem”, o novo condutor do Ministério da Fazenda, o responsável por formular as políticas que poderão dar, a um dos dois grupos que a pressionam por essa escolha urgente, a primazia, no primeiro momento do segundo mandato, sobre os rumos do país nesta área bastante significativa, capaz de influenciar todo o conjunto de ações de uma administração pública.
E não é só esta agenda que está posta.
Reforma Política
Por outro lado, e aí incentivada pela própria mandatária, a reforma política ganha destaque, ao menos nas redes sociais, naquilo que promete ser uma das grandes batalhas dos próximos quatro anos.
O governo encontrará uma base mais conservadora e bastante desfalcada de lideranças de esquerda. O Congresso que Lula entregou a Dilma em 2010 não se assemelha a este que assumirá muitas cadeiras a parti de 2015, considerado o mais reacionário desde 1964.
Este novo Parlamento traz consigo o signo do retrocesso e bandeiras retrógradas como a redução da maioridade penal.
Dilma terá que contar com um esforço e capacidade de articulação política muito maior e melhor do que seu governo foi capaz de imprimir na atual gestão, que se encerra no final do próximo mês.
Propor e aprovar uma constituinte exclusiva para a reforma política, que acabe com o financiamento privado de campanha, o fim das coligações proporcionais e transforme em crime o caixa dois, entre outras proposições importantes para aperfeiçoar a representação política da sociedade, parecem tarefas pouco prováveis de prosperar, em um ambiente dominado por parlamentares eleitos graças aos vícios da legislação eleitoral vigente. Em time que está ganhando não se mexe, pensarão muitos dos legisladores que serão empossados na próxima legislatura e que são cortejados, vejam só, por Eduardo Cunha, um dos deputados federais que mais sabem surfar na onda do dinheiro privado e do abuso do poder econômico.
Em política nada é impossível, pode-se dizer improvável.
O reforço do ex-governador baiano, Jacques Wagner, e da presença mais constante de Lula, podem e devem ajudar na governabilidade do segundo mandato de Dilma.
Essas presenças são indispensáveis para mobilizar a sociedade em prol de ideias como a da reforma política e pressionar o Congresso para apreciá-las. Sem essa mobilização e lideranças competentes, esta agenda se perderá nas mesas da Câmara e do Senado.
Governo novo, nomes fortes
Nomes fortes e inquestionáveis precisarão encorpar a equipe de governo, não apenas do PT, mas de todos os partidos que compõe o amplo arco de aliança.
Isto não é tudo, o PT precisará compreender a necessidade de abrir espaço no ministério para os partidos que compõe o governo e deverá lutar, prioritariamente, para ocupar postos importantes para a boa condução das vitoriosas políticas sociais e manter a hegemonia da economia.
Lei de Meios e Polícia Federal republicana
Áreas sensíveis como as comunicações e a justiça precisarão de ministros bem reconhecidos, de preferência oriundos destas áreas, não necessariamente dos partidos, e que simbolizem tanto o desejo de democratização e construção de um novo marco legal para os meios de comunicação, como para aparar as arestas políticas de parte da Polícia Federal, além de ser capaz de dialogar com o judiciário, sendo respeitado.
Os desafios são numerosos, as pressões não cessarão, a mídia continuará agindo como partido político da oposição.
A economia e o gerenciamento político terão que ser efetivos e render bons frutos.
Isto alcançado, as demais diretrizes terão um ambiente menos hostil para prosperar.
Dilma inicia seu segundo mandato com a legitimidade de ter recebido a confiança de mais de 54,5 milhões de eleitores, mas a batalha apenas começou, a governabilidade começará quando as mangas forem arregaçadas.
https://blogpalavrasdiversas.wordpress.com/2014/11/13/as-agendas-em-disputa-na-segunda-gestao-dilma/

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