A tragédia no Japão obriga a reflexão sobre como é absurdo que morra tanta gente no Brasil por conta de meras chuvas. Até agora, naquele verdadeiro holocausto, foram contabilizadas pouco mais de três centenas de mortes e várias centenas de desaparecidos. O número de vítimas fatais pode até subir, mas mesmo que duplique, triplique, quintuplique, diante das cenas que se viu parece “baixo”, por mais absurdo que pareça.
Para tanto, basta comparar com o que acontece no Brasil por conta de meras e previsíveis chuvas, eventos climáticos para os quais existe vasta tecnologia para as autoridades anteciparem a ocorrência e retirarem as vítimas das áreas de risco.
Para mensurar a diferença entre viver em um país como o Japão e em outro ainda incivilizado como o nosso, basta olhar para a quantidade de mortes que o período de chuvas causa por aqui todos os anos. Só na capital paulista, no início de 2010, morreram 78 pessoas por causa das enchentes – afogadas ou soterradas. Neste ano, no período de chuvas, no Brasil todo ocorreram mais mortes do que as confirmadas até agora no Japão.
Outra forma de mostrar a capacidade que providências do Estado têm para minimizar o número de vítimas de catástrofes naturais é comparando o número de vítimas do tsunami que atingiu a Indonésia em 2004 com o das que são previsíveis no Japão ao fim da contabilidade macabra que o país terá que fazer. Em 2004, foram mais de 200 mil; no Japão, agora, não se imagina nem 10% disso, apesar de eventuais diferenças entre tragédias.
Ao fim desta reflexão, é inevitável enveredar pela questão política. A grande diferença entre um país como o nosso e um país como o Japão é a de que naquele país TODOS os cidadãos contam, enquanto que no Brasil não só o Estado como a própria sociedade não consideram inaceitável a perda de qualquer brasileiro. Aqui, neste país atrasado, só as vidas de alguns contam quando o Estado tem que investir para evitar catástrofes.
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