Sérgio Abranches, Ecopolítica / Envolverde
“O risco geopolítico alto por causa da instabilidade no Oriente Médio e Norte da África somou-se ao risco econômico elevado pelo desastre no Japão e ao risco financeiro ainda não debelado, acompanhado por déficits públicos elevados em grande parte dos países desenvolvidos, crise da dívida pública em vários países europeus e desequilíbrio cambial. Países emergentes como China e Brasil também mostram problemas como pressão inflacionária, nos dois casos, artificialidade cambial na China e desequilíbrio nas contas públicas no Brasil.É possível que estejamos diante de uma elevação do risco do sistema global pela convergência de processos naturais, econômicos e políticos, alguns inesperados e incontroláveis como o desastre no Japão.
O desastre japonês tem dois lados igualmente complexos. Um é a repercussão na economia política do país e do mundo dos estragos no momento incomensuráveis advindos da combinação entre um violento terremoto de grande magnitude e um tsunami devastador. Os dois destruíram infra-estrutura, subverteram toda a logística do país, romperam cadeias de suprimento, interromperam atividades econômicas, destruíram ativos significativos.
Só para se ter uma idéia da extensão desses danos econômicos, o Ipad 2, recém lançado pela Apple com estrondoso sucesso no EUA e ansiosamente esperado em outros mercados, tem entre seus componentes dois chips fornecidos, em parte, por fábricas que estão na região atingida. O suprimento pode ser afetado por tempo indeterminado, embora fábricas em outras localidades continuem produzindo os chips. É que a demanda pelos iPads é forte e deve crescer.
A crise nuclear, que abrange seis usinas atômicas japonesas e chegou a situação crítica em uma delas, a unidade 3 de Fukushima, já alterou todos os planos de investimento nos mercados mais sérios a respeito de segurança, como EUA, União Européia, Austrália e Nova Zelândia. Certamente terá impacto muito negativo nas ações de empresas do setor nuclear e nos fundos que detenham papéis de empresas de energia nuclear. Na Alemanha, planos de investimento no setor já voltaram para a prancheta e a chanceler Angela Merkel determinou revisão geral do sistema de segurança de todas as usinas nucleares do país. Algumas delas provavelmente serão fechadas. Aliás, pelos menos três das usinas japonesas, nas quais foi injetada água do mar, podem ter que ser abandonadas, por causa do efeito corrosivo da água marinha.
O efeito desses dois desastres, o natural e o nuclear, na indústria de seguros e resseguros será também devastador.”
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