sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Governar não se aprende na escola




Leila Cordeiro, Direto da Redação

“Nos anos 60, o brasileiro foi às ruas para protestar contra a ditadura. Nos anos 70, para pedir a anistia dos presos políticos exilados no exterior. Nos anos 80, multidões pediram as eleições diretas. Nos anos 90, o impeachment de Collor. Mas a partir da virada do século e também do milênio, em 2000, parece que o povo brasileiro se aquietou, os ânimos se acalmaram e nunca mais se viu manifestações populares nas ruas.

Mas foi com a eleição de Lula em 2002, quando pela primeira vez em Brasília um presidente foi praticamente carregado nos braços do povo, que o brasileiro passou a respirar um ar mais puro de democracia, fazendo-o confiar mais em seu próprio país. Lula chegou ao poder depois de três tentativas, e quando assumiu o cargo foi como se ele já tivesse sido presidente antes, tamanha a certeza e auto-confiança com que governou nesses oito anos.

Lula enfrentou os mais raivosos adversários e as denúncias de todo o tipo de corrupção; teve que fazer alianças nunca antes imaginadas por ele, nem por ninguém, para poder governar com tranquilidade; desafiou todas as oligarquias ao dizer claramente que não tinha conseguido estudar nos bancos de uma escola, só nos da vida. O que causou revolta e desprezo naqueles que nunca deixaram de ofendê-lo publicamente. Fizeram da Internet palco para gozações e humilhações ao presidente, que deve e tem que ser respeitado acima de todas as diferenças e preconceitos sociais.

Não pretendo tomar partido de Lula, até porque minhas palavras não teriam sentido nem credibilidade. Apenas consigo ver sem os olhos das paixões partidárias o valor de um homem que conseguiu chegar tão longe, apesar de ter tudo para não dar certo na vida. Estudo, educação esmerada, dinheiro, berço, etc. Ele simplesmente foi à luta. Cresceu pobre e sem muitas perspectivas de sucesso, já que não conseguira seguir nenhuma carreira daquelas tradicionais que sempre abrem portas no mercado de trabalho.”
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