Muita água ainda vai rolar nesse rio que leva às eleições de outubro.
Embora, na aparência, o quadro esteja consolidado para Dilma Rousseff, é certo que os seus adversários não vão entregar facilmente os pontos, embora, no momento, revelem sinais inequívocos de desalento e capitulação.
Exemplo disso está na cobertura pós-pesquisa Datafolha feita pelo jornal.
Primeiro, um editorial em que a Folha dá como certa a vitória governista e lamenta os erros da coligação demotucana; agora, uma manchete explícita sobre as primeiras ações do governo Dilma, nesse caso específico, um arrocho nas contas públicas.
E a Folha não para aí. Fala que já se especula a formação do Ministério dilmista, com indicações para todos os gostos, conta qual será a participação do PMDB no governo - e isso é apenas o começo.
Parece que a eleição já se realizou. Mas ela ainda está, de certa forma, longe.
Esse clima de "já ganhou", instigado pelos resultados de várias pesquisas eleitorais e, agora, pela pauta jornalística da "grande" imprensa, é um perigo para a campanha de Dilma.
Tudo leva a crer que o objetivo é fazer com que a candidata repita o gesto de Fernando Henrique Cardoso que, em 1985, certo de que já havia levado a eleição para a prefeitura de São Paulo, posou para os fotógrafos sentado na cadeira do chefe do Executivo.
Não deu outra: uma das primeiras medidas do vencedor do pleito, Jânio Quadros, aquele mesmo, no novo cargo, foi "desinfetar" o objeto. Uma atitude desnecessária, mesquinha, mas que rendeu uma enorme publicidade a ele.
Todos os conselhos do mundo devem estar sendo dados neste momento a Dilma para que evite qualquer palavra, gesto ou ato que lembre a proximidade de sua vitória.
Além de resistir à tentação, para ter sucesso, Dilma precisa também, neste momento, redobrar seus esforços em busca dos votos.
Um adversário ferido pode ser, em seu desespero, muito perigoso.
Crônicas do Motta
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