Responsável pelos jornais Brasil Econômico, O Dia, Meia Hora e Campeão, a Ejesa pediu sua desfiliação da ANJ por considerar que a associação não respeita o que prega. O grupo editorial reafirmou que “apóia de forma incondicional toda e qualquer ação que vise assegurar a manifestação do pensamento, a criação, a expressão, a educação e o livre fluxo informativo”.
A revolta da Ejesa se deve a perseguição implacável que a ANJ lhe moveu pedindo ao Ministério Público que investigasse a origem do capital da empresa, que feriria o limite de 30% de capital estrangeiro autorizado no controle dos meios de comunicação no Brasil. A ANJ acusou o grupo de ter capital português. O jornal jáacusou a ANJ de defender os interesses das Organizações Globo e da Folha de S.Paulo.
A Ejesa se disse vítima de denúncias inverídicas e afirmou em nota que “para esclarecer a sua composição acionária e a sua legalidade, a análise de documentos societários que se encontram devidamente registrados na Junta Comercial seria o suficiente.”
Não entro nessa disputa e se existisse alguma irregularidade deveria mesmo ser punida. Mas a atitude da ANJ não foi de defesa da lei e sim diante da ameaça de um novo concorrente que podia alterar a “ordem natural” da coisas na imprensa brasileira.
A ANJ precisa antes olhar o que seus integrantes fizeram. O Globo burlou a legislação brasileira no notório acordo com o grupo norte-americano Time-Life, em 1962, que proporcionou a Roberto Marinho o acesso a cerca de US$ 6 milhões e ao grupo norte-americano 30% dos lucros da TV Globo, o que era proibido pela Constituição. Com esse capital, foi montada toda a infra-estrutura da TV Globo, e o Time-Life passou a ter influência direta na emissora brasileira, inclusive com um ex-diretor seu, Joseph Wallace, assumindo o cargo de diretor-executivo.
A desfiliação da Ejesa expõe a hipocrisia de uma organização que só quer liberdade para si e para seus arautos. A livre concorrência e a presença multinacional é para todos os outros setores, menos para o seu.
tijolaço
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