Folha: como contar mentira dizendo só a verdade
Por Roberto Takata
Sabe o mote dos anos 1980 da Folha: É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade? Pois, então, a Folha acaba de cometer uma mentira dessas.
Diz a manchete: Em 20 anos, sobe 39% proporção de mortes neonatais
Pensará o leitor: nossa! estão morrendo mais bebês recém-nascidos!
Não. Aí está o engodo. A mortalidade infantil neonatal caiu em termos absolutos. Eram cerca de 20 mortes por mil nascidos em 1996 e passou pra cerca de 15 mortes por mil nascidos vivos em 2004. (Queda de 25% em 8 anos.)
Qual é o truque? O truque é que a mortalidade infantil pós-neonatal caiu de modo mais acentuado. Foi de 14 mortes por mil em 1996 para 7,7 mortes por mil em 2004. (Queda de 45% em 8 anos.)
Assim, claro que proporcionalmente a mortalidade neonatal aumentou em relação à mortalidade infantil geral.
Por Ernesto Camelo
Não me considero um analfabeto funcional. Mas juro que precisei ler várias vezes essa manchete da FSP para tentar entender o que queriam dizer.
Em 20 anos, sobe 39% proporção de mortes neonatais
Dados do Ministério da Saúde apontam mudança no perfil da mortalidade infantil no país. Em 1990, bebês com até 28 dias respondiam por 49% do total da mortalidade de crianças com até um ano de idade. Em 2008, a participação saltou para 68% (alta de 39%). Em 20 anos, o Brasil reduziu as mortes infantis (até um ano) em 54% graças a programas de vacinação e saneamento, entre outros fatores.
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