Emir Sader
“O Brasil tem um papel adequado ao seu tamanho. O Brasil não pode querer ser mais do que é, mesmo porque tem uma série de limitações, a principal das quais é o seu déficit social.” A afirmação é do Ministro de Relações Exteriores do governo FHC, Luiz Felipe Lampreia, e dá bem idéia da imagem e do tamanho que eles queriam que o Brasil tivesse para sempre.
Sobre a Área de Livre Comércio das América (ALCA), Lampreia disse: “Nós estamos tendo uma posição muito aberta, estamos dispostos a conversar. Os nossos interesses são claríssimos, mas não adianta brigarmos por isto antes da hora. É um assunto em que é preciso que o maior jogador, que são os Estados Unidos, se defina primeiro.” Maior subserviência não poderia haver.
Sobre o apoio ao golpe de Fujimori, ele esclarece: “Nossa posição não tinha a ver com o Fujimori e sim com o processo eleitoral, única e exclusivamente. Tinha a ver com a questão de não aceitarmos que houvesse uma superposição estrangeira à autoridade eleitoral do Peru.”
A entrevista foi dada quando Lampreia deixava o governo, entregando-o a mãos não menos subservientes aos EUA – as de Celso Lafer. (JB, 17/12/2000) Este declarou que a explosão das Torres Gêmeas era o começo da Terceira Guerra Mundial – palavras também de FHC – e que era mais importante do que o fim do campo socialista e da URSS. Tudo isso enquanto tirava o sapato e as meias em aeroporto dos EUA, revelando até onde a subserviência tucana poderia chegar.
Para eles, “O Brasil não deveria ser mais do que é”. Considera que temos um destino a que devemos corresponder – assim como o “destino manifesto” que os EUA se reivindicam é o de dominar o mundo, o nosso seria o de ser subservientes à dominação deles. Deveríamos estar onde nos colocaram, onde sempre estivemos, estavam contentes e conformados com o papel que os EUA nos reservavam – aliados privilegiado, incondicional, subserviente.
Desse “destino” a política internacional do governo Lula nos livrou, projetando-nos como potência soberana e orgulhosa do novo destino que constrói, junto com os países latinoamericanos e do Sul do mundo. O Brasil – e os países do Sul do mundo – podem , querem e estão sendo mais do sempre foram, soberanos, emergentes, solidários e rebeldes ao domínio das grandes potencias coloniais e imperialistas.
Por Emir Sader
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