CAROLINA CASCÃO
São mais de 1,6 milhão de pessoas em 21.859 empreendimentos econômicos que produzem lucro mensal de R$ 653 milhões – pouco menos de R$ 8 bilhões por ano. Exposta apenas em números, é essa a radiografia geral dos programas de Economia Solidária criados e impulsionados pelo Governo Lula em todas as regiões.
Seus dados constam do Sistema Nacional de Informações em Economia Solidária coordenado pelo Ministério do Trabalho e foram divulgados ontem aos 1.600 delegados estaduais que participam da II Conferência Nacional de Economia Solidária, no canteiro central da Esplanada dos Ministérios.
O sistema informa ainda que mais de 43% dos empreendimentos de economia solidária estão registrados na Região Nordeste. No Sudeste são 18%; no Sul 16%; no Norte 12%; e no Centro Oeste os demais 10%.
Do total de 1.687.496 pessoas envolvidas nos empreendimentos, 62,8% são homens e 37,4% mulheres. Bernadete Barbosa, pernambucana de 46 anos, é uma delas. A Associação Casa da Mulher de Gravatá, que ela coordena, vende mensalmente 2.000 bonecas “da sorte”, o que lhe permite assistir 30 famílias e oferecer atendimento em saúde física e mental às mulheres participantes do empreendimento.
Outro exemplo é Mariza Mendes, 55 anos, da Associação Rural e Urbana de Barbacena, em Minas Gerais. Com mais de 60 empreendimentos no município, a entidade produz e vende desde artigos de artesanato até produtos da agricultura familiar, como geleias, bolos e biscoitos. Cada associado ganha entre R$ 100,00 e r$ 500,00 por mês.
“Espero agora a criação de mais um ministério no governo brasileiro, o Ministério da Economia Solidária”, torce Mariza.
Arildo Motta, presidente da Unisol, uma associação sem fins lucrativos que ajuda a formar trabalhadores, afirma que o Brasil tem condições para avançar na economia solidária, gerar renda e distribuir com equidade.
“Precisamos avançar mais e consolidar as leis sociais. É necessário que os programas de economia solidária se tornem política públicas de Estado”.
Nesse sentido, a conferência será encerrada hoje com a aprovação de um documento em que sugere ao governo e ao Congresso a consolidação de um marco legal para a política de economia solidária.
“Queremos um sistema nacional de política solidária e levaremos o que for deliberado aqui para criarmos redes nos municípios”, afirmou a ministra do Desenvolvimento Social, Márcia Lopes, em discurso na abertura da conferência.
O secretário executivo do Ministério do Trabalho, Paulo Roberto do Santos, lembrou que a economia solidária permite às camadas mais pobres da população participar de forma mais ativa do processo de desenvolvimento econômico brasileiro.
“Dobramos o número de delegados neste segundo encontro e isso tem colaborado consideravelmente para melhorar a situação de pessoas que antigamente viviam na linha de pobreza e hoje já têm uma produção”.
Conceituada como uma forma de produção, consumo e distribuição de riquezas que valoriza o ser humano e o comércio justo, a economia solidária é praticada por meio de autogestão em associações ou em cooperativas voltadas à produção, consumo e comercialização de bens e serviços.
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