Segundo informa o newsletter Jornalistas&Cia, a TV Cultura vai, novamente, mudar a sua grade e desta vez incluirá entre seus programas o "Folha na TV" ou "Folha na Cultura" - o nome não está definido -, em parceria com a Folha de S. Paulo.
Nada contra o fato de a Folha querer expandir suas atividades ou contra a nova tentativa da Cultura de sair do limbo em que se encontra.
Acho, porém, que uma TV pública não pode misturar as coisas.
A Folha de S. Paulo é uma empresa comercial que se dedica a vender notícias. Seu principal produto é o jornal que edita e que tanto sucesso faz entre uma camada do público paulista.
Por mais que seu marketing venda uma imagem de independência, é claro que, como toda empresa, a Folha tem muitos interesses, pois vive, essencialmente, da propaganda, dos anúncios, da verba publicitária.
Já uma TV pública é outra coisa - ou deveria ser. Não pode se atrelar a empresas, nem a grupos políticos/partidários ou quaisquer outros tipos de negócios.
Existe para ser um contraponto à televisão comercial que infesta os lares brasileiros de porcarias, sempre em busca da audiência que possa proporcionar mais publicidade, mais lucro.
A finalidade da TV pública é outra, é levar ao público algo diverso dos BBBs e novelas e Anas Marias Bragas ou Faustões que poluem a telinha, é manter uma programação educativa, e nunca pensar em lucro ou audiência.
O caso da TV Cultura é sério. Ela simplesmente, por culpa exclusiva dos governos tucanos que se sucederam em São Paulo, desvirtuou-se de seus propósitos e virou tão somente uma ferramenta para ser usada pelos donos do poder.
Ao mesmo tempo em que isso ocorria, passou por um processo de asfixia econômica, recebendo cada vez menos recursos de quem tem obrigação de mantê-la - ou à fundação da qual faz parte -, ou seja, o governo paulista.
Sem dinheiro, teve de recorrer às empresas privadas para subsistir. E deu no que deu: sem uma programação de qualidade, sem investir em sua parte técnica, sem criatividade, acabou na vala comum em que se encontram as outras emissoras.
Tornou-se irrelevante sob qualquer aspecto - cultural, educativo ou comercial.
E assim, de tentativa em tentativa, de erro em erro, a Cultura segue sua trajetória rumo à irrelevância.
Depois de levar a Folha para sua grade de programação, quem sabe não pode chamar o "missionário" R.R. Soares para conversar sobre um programa evangélico?
Se o problema da Cultura é dinheiro, ele seria resolvido facilmente.
Crônicas do Motta
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