Com o mundo pegando fogo, em plena crise econômica, tensões no Oriente Médio e tudo mais de ruim que possa existir lá fora ou aqui em terras brasileiras, parece até brincadeira eu insistir nessa história da sacolinha de plástico que os supermercados passaram a nos negar.
Mas é que continuo injuriado com isso.
Por dois motivos: pelo cinismo dos empresários, que vieram com esse papo furado de que agora são bonzinhos e vão salvar o mundo, e pela estupidez dos consumidores que acreditam que essa turma realmente fala a verdade - vão ser ingênuos assim na Terra da Fantasia!
Além desses dois pontos, o que também me deixa muito irritado é ver que muitas pessoas que realmente batalham pela preservação do ambiente não percebem que ao endossarem essa atitude dos empresários estão, na verdade, contribuindo para deixar tudo pior do que está.
Ora, até uma criancinha de jardim de infância - é assim que se fala hoje? - sabe que a nossa querida Terra chegou no ponto em que chegou, à beira do colapso, por culpa exclusiva de um modelo econômico cruel, que dilapidou tudo o que pôde da natureza, em busca do lucro mais rápido e mais fácil.
Nem preciso dizer que esses nossos queridos donos de supermercados são soldados disciplinados do exército que quer manter esse sistema em funcionamento, que estão pouco de lixando para a Mata Atlântica, ou para a Amazônia, ou para a camada de ozônio, ou para as tantas espécies ameaçadas na terra ou no mar, ou para as tribos indígenas esquecidas nos confins deste imenso país, ou mesmo para toda a poluição que ataca os paulistanos e os habitantes de outras grandes cidades.
Essa turma tem apenas uma preocupação, que é aumentar os seus lucros, já estratosféricos, à custa dos consumidores, ou seja, de nós, pobres trabalhadores.
Se não fosse a sacolinha de plástico, seria outra coisa. Num passado recente foram os empacotadores, agora são os pacotes, no futuro serão as mocinhas dos caixas - e assim por diante. Afinal, o que seria do capitalismo sem o lucro?
Por fim, para terminar mais este desabafo contra a ganância dos empresários e a babaquice dos consumidores que caíram nesse conto do vigário, deixo uma provocação: já que todos são contra o plástico, que tal embalar as mercadorias que a gente compra com sacos de papel, como antigamente se fazia, claro que gratuitamente, já que o custo dessa "cortesia" está embutida no preço dos produtos?
Ou então, que tal deixar o consumidor escolher que tipo de embalagem quer para levar sua compra para casa: saquinho de plástico, saco de papel, caixa de papelão, seja lá o que for?
Isso não seria, vamos dizer, mais civilizado?
Crônicas do Motta
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