Desde 1965, quando os cientistas descobriram que o cérebro dispõe de uma região onde as drogas de abuso funcionam, que se passou a compreender melhor o mecanismo de ação das substâncias que provocam dependência química e a se entender por que as pessoas ficam fissuradas por substâncias que mesmo lhes prejudicando não conseguem parar de consumi-las.
Esta região cerebral foi designada como área ou região do prazer ou ainda "área de recompensa cerebral" , justamente por ser a região do sistema nervoso central, que produz prazer ocasionado pelo consumo destas substancias. Uma das drogas mais estudadas, desde o inicio é o álcool etílico, pelo impacto negativo que seu consumo ocasiona nas pessoas, na sociedade, na economia, na segurança e nas famílias.
Com o avanço dos estudos, passou se a compreender melhor os diferentes mecanismos de ação desta e de muitas outras substâncias psicoativas (que agem no cérebro). O álcool etílico, entre seus distintos efeitos provoca a liberação de endorfinas cerebrais que são neurotransmissores relacionados a dor e ao prazer. E, mais recentemente neurocientistas descobriram, pela primeira vez, que a liberação que a liberação destes neurotransmissores ocorria no núcleo acumbéns e córtex órbito-frontal regiões muito importantes do sistema nervoso central, que garantem a saúde e integridade de nossa vida mental, responsáveis, entre outras coisas pela afetividade, cognição, humor, ansiedade e pela vida social dos seres humanos.
"Isso é algo que temos especulado há 30 anos, com base em estudo com animais, não foi observado em seres humanos até agora", disse o autor Jennifer Mitchell, phD, diretor do projeto clínico no Centro de Gallo e professor assistente adjunto de neurologia da UCSF. "Ele fornece a primeira evidência direta de como o álcool faz as pessoas se sentirem bem"
Muitos outros estudos desenvolvidos nesta linha de pesquisa, especialmente os realizados através de tomografia por emissão de por emissão de pósitrons(PET SCAM), ressonância magnética e muitos outros, perceberam que em todas as pessoas testadas a ingestão de álcool levou a uma liberação de endorfinas no local do cérebro responsável pela liberação de prazer, o que foi diretamente relatado por cada participante.
"Isto indica que os cérebros dos alcoólatras são alterados de forma que os tornam mais propensos a achar as bebidas agradáveis, e pode ser uma pista de como o problema desenvolve-se", disse Mitchell, "Essa sensação de recompensa pode levá-los a beber mais", em declaração ao Science Dally.
A partir daí muitos estudos estão se desenvolvendo na área dos tratamentos farmacológicos e na prevenção do alcoolismo, considerado um dos mais importantes problemas da saúde pública de todos os tempos.
Os tratamentos farmacológicos são os que mais estão na mira. Pois se acredita que no futuro próximo com o desenvolvimento de outras tecnologias médicas e com outros métodos de investigação clínica possa surgir substâncias que impeçam o álcool de atingir estas regiões, levando os usuários a beber sem o risco de se viciarem.
Na atualidade o tratamento farmacológico do alcoolismo se desenvolveu com o surgimento de drogas altamente altamente eficazes, tanto para o controle da compulsão do beber, quando da regulação do prazer ocasionado pelo consumo.
Existem outros medicamentos que não apresentam estes mecanismos de ação que também ajudam muito estes pacientes. Por último é importante que se diga que o tratamento do alcoolismo não se reduz tão somente ao uso de psicofármacos, pois outras estratégias psicológicas, sociais, comportamentais, ocupacionais e de reabilitação psicossocial são ferramentas altamente importantes e imprescindíveis à reabilitação destes enfermos.
Campos explica que a naltrexona impede a ligação dos receptores de opioides, mais não é amplamente aceita como um tratamento para dependência de álcool: "Não posso porque não é eficaz em reduzir o consumo, mais porque algumas pessoas deixam de toma-lo porque eles não gostam do jeito que os faz sentir", disse ele.
"Naltrexona bloqueia mais de um receptor opioide; a ação reduz o consumo e causa efeitos colaterais indesejados", disse ele. "Se nós entendermos melhor com endorfinas agem no consumo de bebidas, teremos uma chance maior de criar terapias mais especificas para a dependência da substância"
Ruy Palhano, Médico Neuropsiquiatra, Professor de Psiquiatria do Curso de Medicina da (UFMA),
Mestre em Ciências da Saúde (UFMA),
Especialista em Dependência Química pela (UNIFESP),Ex - Presidente da Academia Maranhense de Medicina.
ruy.palhano@terra.com.br
no Comentando os fatos.
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