(Os jovens acima tentaram ler o artigo de FHC mas desistiram)
Sim, viver é perigoso, sobretudo ler um artigo de Fernando Henrique numa bela tarde ensolarada do Rio de Janeiro. Sobrevém-me o desejo imperioso de abandonar essa vida sóbria de blogueiro político, tornar-me um roqueiro barrada pesada, quinze quilos mais magro, o corpo tatuado, viciado em drogas e cheio de piriguetes fáceis a meu redor. Ou então passar os dias na praia, fumando maconha.
Se a política já é considerada chata pela maioria dos jovens, textos assim contribuem efetivamente para afastá-los ainda mais desse mundo. Agora entendo a juventude transviada. Agora entendo porque o jovem paulistano e carioca de classe média alta prefere cheirar cocaína a discutir política. O "papel" colombiano é menos tóxico do que este "Papel da oposição", título do artigo de FHC.....
E olha que me refiro apenas ao estilo, a esse acacianismo sem-vergonha, repetindo chavões & clichês, a essa falta de originalidade, a essa debilidade politica confessa, que força o autor a apegar-se, como o lacaio mais covarde do reino, ao rabo do alazão que a mídia usa em seus ataques...
Na época do mensalão (...) ainda havia indignação diante das denúncias que a mídia fazia e os partidos ecoavam no Parlamento.
O pior, no entanto, nem é o estilo, mas o conteúdo. FHC disfarça, mas não prega outra coisa senão defender que o PSDB abrace de vez uma postura reacionária, direitista; que esqueça as duras condições em que ainda vive a maior parte da população, e apele descaradamente para o egoísmo perverso que está sempre emergindo e se renovando na psicologia social das classes médias. Qual um feiticeiro, o tucano pede a seus correligionários que busquem catarro de barata e pentelhos de rato nas casas dos "pequenos produtores e profissionais liberais de tipo antigo e novo", para lançar no caldeirão da política nacional, prometendo que dali surgirá o elixir que os tornarão poderosos e vencedores novamente.
O povo?
O povo que se dane!
O artigo de FHC chegou cercado de sensacionalismo midiático, incluindo manchete na Folha.
Mas é tanta besteira que nem a mídia consegue mais defendê-lo. Ele disse isso aí mesmo. Confiram o trecho:
Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os “movimentos sociais” ou o “povão”, isto é, sobre as massas carentes e pouco informadas, falarão sozinhos. Isto porque o governo “aparelhou”, cooptou com benesses e recursos as principais centrais sindicais e os movimentos organizados da sociedade civil e dispõe de mecanismos de concessão de benesses às massas carentes mais eficazes do que a palavra dos oposicionistas, além da influência que exerce na mídia com as verbas publicitárias.
Ué, o PSDB não governa metade do país? Não tem acesso às massas através dessas instituições? É tão doloroso assim fazer o bem ao povo?
Entretanto, apesar do meu sarcarsmo meio irritado, não subestimo ninguém; nem Serra, nem FHC, nem Aécio Neves. A mídia é o quarto poder onde se instalou o Leviatã, depois que os liliputianos apearam-no, através do voto, do poder que exercia sobre os três poderes institucionais. E esses políticos tem a mídia por trás, no sentido político e pornográfico da expressão. E a grande mídia, infelizmente, ainda tem muito poder.
A única bandeira concreta defendida por FHC, afora suas platitudes enervantes, é defender a descriminalização da maconha, por incrível que pareça. E pede que o PSDB assuma esta bandeira, o que seria deveras engraçado, em vista do namoro do partido com segmentos ultraconservadores da sociedade. Mesmo neste caso, porém, é uma posição pusilânime, pelo menos em comparação a do governador Sérgio Cabral (RJ), que vai muito mais longe e defende a liberação e legalização das drogas, no Brasil e no mundo inteiro.
FHC devia defender também a liberação do uso da anfetamina, sobretudo para jovens que pretendam ler seus artigos, pois seria uma excelente maneira de evitar que durmam no meio do texto. Pensando bem, deixemo-los dormir. Não perderão nada.
Vi no, Óleo do diabo
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