Do Portal Brasilianas.org
Enviado por Gunter Zibell
Por que acho que o PSDB não é mais alternativa ao PT
Enviado por Gunter Zibell
Por que acho que o PSDB não é mais alternativa ao PT
Eu não tenho contato com nenhum político ou quadro de nenhum partido. Apenas posso analisar com as informações que chegam, por imprensa ou blogosfera. E sabemos como podem chegar distorcidas ou incompletas.
O que se nota é que tem havido muitas análises e discussões considerando o PT e o PSDB como pólos antagônicos, como faces de uma moeda, como dois contendores equivalentes ainda que se diferenciando.
Contudo, o que penso notar, é que, ainda que aparentemente eqüidistante e imparcial, esse é um discurso que favorece, a meu ver sem merecimento, o PSDB. Apenas ajuda a frear a percepção de seus problemas, enquanto o PT progressivamente ganha a imagem daquele gato cuja cor não importa, contanto que cace os ratos...
A experiência dos últimos 15 anos é de que o PT e o PSDB se diferenciaram demais. O PSDB gostaria de ser visto como a melhor opção de governo. No entanto, na percepção da maioria dos agentes, se algum dia foi visto assim, provavelmente não o é mais. Ao contrário. E, para evitar ser visto como retrocesso ou opção inferior, é que resiste através de artigos que o apresentam como ainda alternativa ao PT.
Mas, após tanto tempo, e independentemente de sabermos que o PT também apresenta suas deficiências, fica claro que agora se trata de forças muito distintas.
A primeira coisa que salta aos olhos é o modo de fazer política. Não apenas durante o período de eleições, mas ao longo dos mandatos. O PSDB usa rotineiramente de seus contatos com a grande mídia, que abre mão de seu princípio de informar imparcialmente. De forma resumida, apenas se vê críticas às administrações PT, apenas se vê elogios às administrações PSDB. E qualquer comparação ao longo do tempo no nível federal ou no mesmo tempo entre governos estaduais mostra que essa abordagem dada pela imprensa é incompleta. A isso agrega-se a forma destrutiva, carente de ética e às vezes autofágica, de fazer campanha eleitoral.
No que se refere a relacionamento com a sociedade, as diferenças são imensas. O PSDB relaciona-se com 3 ou 4 partidos menores, com a grande mídia e, neste caso não exclusivamente, com alguns segmentos do grande capital. O PT relaciona-se com maior propriedade com tudo o demais, particularmente movimentos sociais, sindicatos, funcionalismo, comunidade científica, todos os setores produtivos.
Em relação a organicidade também parece haver diferenças. O PT aumenta continuamente seu número de filiados, 40% nos últimos oito anos. É possível que já tenha quadros que sobrepassem em número e capacitação os do PSDB. E ainda, por aceitar mais facilmente a divisão do poder, conta com o concurso daqueles de vários partidos aliados, em especial PR, PMDB, PSB, PDT e PCdoB. A capacidade de dividir decisões (e candidaturas) pode ser algo recente no PT, no que pode ser criticado pelos seus integrantes mais tradicionais. Mas não seria isso sinal de renovação? O PSDB parece, por seu turno, precocemente envelhecido. Os contínuos decréscimos eleitorais, e 2010 será o terceiro seguido, levarão esse partido a ter pouco mais da metade dos congressistas do outro. Não se tratará a partir de 2011 de coligações equivalentes: em um lado estarão os dois maiores partidos, aliados do 5º ao 7º. Do outro lado teremos o 3º, 4º e 8º.
Ao confrontarmos os programas com aquilo que ocorre hoje no mundo novamente vemos distinções. Não se trata de dividirmos entre direita e esquerda. Esses nomes podem não ser apropriados para a forma atual do PT de conduzir alianças e governo. Mas entre ser mais adaptável ao moderno ou aos ventos internacionais. O PSDB aparenta rejeitar, ainda que não no discurso mas na prática, o Estador indutor e alguns pontos de nacionalismo. Isso está na contramão daquilo que mais está sendo praticado nas relações internacionais e pelo mundo afora. Além de nos quadros do PSDB, onde mais o discurso neoliberal estaria em voga?
Tanto os tamanhos dos partidos (e de forças aliadas) como as diferenças programáticas (mais bem ausência de programa de um dos lados) levam a ser difícil considerar o quadro como de uma polarização real. Mais parece uma resistência mal conduzida. Acredito que o PSDB faria melhor se tentasse articular uma nova oposição em torno de si, mas, do modo como as coisas caminham, é mais previsível que a oposição efetiva e com conteúdo surja de dentro da atual coligação governista e, em isso acontecendo, apenas restará ao PSDB o papel de coadjuvante. E isso enquanto ainda é capaz de contar brilho no seu passado, pois mesmo isso poderá ficar empanado no futuro próximo...
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