quarta-feira, 16 de junho de 2010

A mídia quer ser "dona" da Dilma

O Globo, 15/06, sem algo que tivesse para explorar contra Dilma, resolveu “cozinhar” e ampliar o chororô da Folha sobre o cancelamento da participação da candidata do Lula na tal “sabatina” que o jornal paulista vai fazer com os candidatos. Mesmo sabendo que Dilma está iniciando uma viagem para a Europa – e por isso cancelou sua participação – o jornal dos Marinho parte daí para dizer que ela “cancelou entrevistas que já estavam confirmadas e partiiu nesta segunda feira à noite para uma viagem”.
A matéria é tão desonesta que basta ler com mais atenção para ver a armação, construída para tentar mostrar que Dilma estaria acuada, se escondendo.

Quais eram “as entrevistas que já estavam confirmadas”? Nenhuma, à exceção da tal sabatina.
Pois não pode haver nada confirmado se o próprio jornal diz que ela  “tem se recusado a conceder entrevista para a GloboNews, além do programa “CQC”, da TV Bandeirantes. Ela também não confirmou ainda participação na rodada de entrevistas dos presidenciáveis para o programa “Roda Viva”, da TV Cultura, embora sua assessoria diga que ela poderá ir à emissora no fim de junho, sem fixar data”.
O que estava confirmado, senhor redator de O Globo?
Mas a ânsia de provar a “tese” que construíram é tão grande que se produz esta pérola:
Coordenadores da campanha da petista dizem que ela não está fugindo do confronto direto com os adversários e que ela vai para a Europa porque foi convidada, mas assessores de líderes europeus disseram que os encontros foram pedidos pela candidata.
Primeiro, é obvio que os encontros foram – e só poderiam ser – pedidos por Dilma. Já imaginaram se fosse o contrário, os presidentes da França, Nicolas Sarkozy, da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso; e os primeiros-ministros da Espanha, José Luis Zapatero, e de Portugal, José Sócrates ligando para Dilma e dizendo para ela dar “um pulinho lá” para tomarem um café?
Segundo, porque ao encontrar-se com chefes de Estado e de Governo, qualquer pessoa vai fazer a agenda de acordo com o que eles podem, e não o que se quer. Imaginem o diálogo:
- E aí, Sarkozy, tudo em cima?
- Parle, Dilmá, toute legal?
- Tô querendo dar um pulinho no Palácio do Eliseu, pode ser?
- Clarô, Dilma, Chegue na heure que vous quisê. En la quarta-feirá, c´est bon?
- Quarta eu não posso porque vou gravar o CQC e vou ser recebida por Lord Merval Pereira, na Globonews…
- Globo o quai?
-Deixa, é no Palais du Jardin Botanique
- Enton viens na sèxte, que je suis com temps livrê.
E o que me impressiona mais é que tem uns manés que se preocupam em “desmentir” a sério  uma historinha ridícula destas.
O Globo (e a Folha) precisam entender que existem políticos que não podem ser chamados estalando os dedos.

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