Recebemos amigos em casa este fim de semana. E é por eles e para eles que fazemos e damos o melhor de nós. O verdadeiro amigo é o único que pode te dizer aquela verdade que dói. Também é ele o único capaz de consolá-lo, mesmo depois de ver que você, teimoso, foi incapaz de seguir seus conselhos. É por essas e outras, que os verdadeiros amigos são poucos, cultivados delicadamente ao longo da vida. Eles também têm uma capacidade incomum: a de levar a gente a pensar sobre a vida, sobre o bom e o ruim das escolhas que fazemos. E são capazes até de levar à reflexão, a partir de comentários aparentemente banais do cotidiano, como: - Só aqui no interior a gente ouve o som do silêncio. A frase pode ter um significado profundo, quando pensamos que o "interior" pode significar a alma e o "silêncio" a ponte para chegar a ela. Portanto, o som do silêncio, aqui, representaria a "voz da alma". Mas ele se referia apenas à maneira como "as gentes" da cidade grande renunciam este silêncio "que só se ouve" no interior. Foi a constatação de que viver numa pequena cidade permite experimentar a plenitude do silêncio. E só quem vive assim sabe que há horas em que até os bichos param para ouvir a ausência de sons. Mas como perseguir o silêncio, se o mundo não se deixa calar? Na era da comunicação, da hora em que acordamos à hora em que vamos dormir, vivemos uma sucessão de ruídos: da casa, das obras, do trânsito, das buzinas, das falas, do trabalho, do rádio, da tv... E vamos nos esquecendo aos poucos de perseguir o silêncio, como ideal de paz interior. Com o tempo até nos incomodamos quando tudo está quieto... Que tal se a gente experimentasse diminuir o barulho das coisas? É capaz de, ao nos depararmos com o silêncio, conseguíssemos amplificar a voz da alma e ir de encontro à plenitude do universo, ou - o que também não é pouco - às águas calmas do fundo do mar do conhecimento interior. Papo cabeça demais, né?
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