Para mim está claro. Tentou-se um golpe. Talvez algo deliberado em jantares e encontros mais ou menos secretos. O Datafolha deu uma pesquisa favorável à Serra e a mídia deflagrou uma campanha negativa violenta contra Dilma Rousseff, procurando converter qualquer insignificante gafe sua numa tragédia eleitoral épica.
Sem a mínima base na realidade, visto que dois institutos de pesquisa continuavam apontando sua ascensão gradual e firme, eles faziam prognósticos derrotistas para a candidatura governista.
Reuni alguns:
Diogo Mainardi, em 1º de maio:
"A campanha de Dilma Rousseff está ruindo."
Mas o Mainardi é um imbecil metido a engraçadinho. Nem vale a pena comentá-lo. O Merval Pereira ao menos finge que é sério. E entrega melhor o jogo do que ninguém.
Merval Pereira, em 5 de maio:
"Mas as notícias não são boas, nem as objetivas nem as de bastidores, que falam de novas pesquisas, depois da saída de Ciro Gomes, que indicariam a ampliação da vantagem do tucano José Serra sobre Dilma.
A campanha de Dilma não passa um dia sem ter sobressaltos, e sempre relacionados com uma maneira nada popular de se comunicar da candidata oficial, o que exacerba o contraste com as virtudes performáticas de seu padrinho, ampliando os defeitos da protegida novata em campanhas eleitorais.
Os movimentos bruscos do presidente nos últimos dias, alternando uma excitação desproporcional com uma emotividade excessiva diante da aproximação do final do seu mandato, indicam que as coisas não estão saindo como ele planejou.
(...)A oposição está também negociando com o PSC e outras pequenas siglas que têm alguns segundos preciosos de propaganda gratuita, graças a uma legislação eleitoral completamente inexplicável. Se PTB e PP formalizassem o apoio a Dilma, a vantagem dela na propaganda de televisão e rádio seria enorme: a petista teria 11 minutos e 37 segundos em cada bloco de 25 minutos exibido à tarde e à noite. O tucano José Serra teria menos da metade: 5 minutos e 36 segundos.
(...) Mas, mesmo com todo o seu empenho, já paira no ar uma leve desconfiança de que ela é pesada demais mesmo para Lula, e uma indicação clara disso é a neutralidade do PP na corrida presidencial."
O colunista do Globo sem querer entregou a senha. A estratégia toda consistia em criar um clima de euforia triunfante para que Serra conseguisse fechar apoio com outros partidos, expandindo seu tempo de TV.
Marco Antonio Villa, em seu blog, no dia 13 de maio:
"Se a candidatura Dilma, nas pesquisas do partido, continuar patinando, o que farão?
Ainda no blog de Villa, no mesmo dia:
"Ela continua dando declarações confusas, saindo sempre atrás da agenda (tímida) apresentada por Serra e mostrando extrema insegurança."
Villa, outra vez, no dia 7 de maio (agora entendo porque ele é a fonte mais requisitada dos jornalões):
"Em 1960 JK estava com a popularidade lá nas alturas. Mesmo assim não elegeu o sucessor. Recentemente, na América Latina, outros presidentes bem avaliados não conseguiram fazer o sucessor.
Os analistas que afirmavam, desde o ano passado, que Dilma herdaria a popularidade de Lula devem estar com os cabelos em pé. Citavam números, até para dar veracidade à hipótese. Até agora, contudo, o que vemos são as duas principais candidaturas estabilizadas: Serra na frente e Dilma em segundo, variando a diferença entre eles de 5 a 10% das intenções de voto.
Depois das duas últimas pesquisas (Ibope e Datafolha) nada aconteceu que mudasse este panorama. Se neste mês a diferença ficar estabilizada, veremos que ocorrerão várias defecções estaduais. O PMDB vai rachar, mas não sem antes saquear o que for possível do Estado. A seção gaúcha que têm uma tradição de combatividade - e de independência, nos últimos anos - já sinalizou que não vai apoiar Dilma. É uma defecção importante, tanto no sentido ideológico, como pela importância eleitoral do estado. Pode ser o sinal para outros rachas no partido.
Lula propala aos quatro ventos que Dilma não decolou por ele não entrou na campanha. Pura falácia. Ele faz campanha para ela desde 2008."
*
Simultaneamente, o colunista multimídia Arnaldo Jabor fazia ataques virulentos à Dilma Rousseff. Numa intervenção intitulada "Com Dilma, sentiremos saudades de Lula", ele diz pérolas de sectarismo ideológico como "cabeça de comuna não muda". E distribui "bolcheviques" e "jacobinos" para todo lado. Espertamente, Jabor fez elogios pontuais ao Lula, sobretudo por, claro!, dar continuidade à política econômica de FHC, e interpõe um abismo revolucionário entre o presidente e sua candidata, esta sim, representante máxima do perigo vermelho.
*
A estratégia, todavia, sempre foi capenga porque atrapalhada pela existência de pesquisas outras que negavam essa realidade. Então começou-se uma operação de desqualificação dessas pesquisas.
Marco Antonio Villa, em 15 de maio:
"Achei estranhíssima a pesquisa Vox Populi divulgada quase agora. Foi consultado pelo Ig antes de sair o resultado. recebi a informação que Dilma estava na frente nos dois turnos. Para mim é uma surpresa e sem explicação porque:
1. não correu nehum fato relevante que pudesse justificar esta virada;
2. Dilma deu vários escorregões nas últimas 3 semanas;
3. Lula apareceu poucas vezes, ao seu lado, depois que saiu da Casa Civil;
4. o programa do PT foi exibido depois do término da pesquisa;
5. Serra deu destaque especial ao NE, viajou para vários estados e evitou o confronto com Lula. Também esteve em vários programas populares pelo Brasil;
6. Serra não "pisou na jaca" nestas semanas.
Como explicar este resultado sem ter que desconfiar da amostragem?"
*
A campanha de desqualificação do Sensus e do Vox Populi ganhou a blogosferademotucana, e assim conseguiram manter uma chaminha de esperança em sua escassa militância.
*
A Folha, por sua vez, publicou diversas reportagens sobre o Vox Populi e o Sensus, nas quais sempre dava um jeito de lançar dúvidas sobre a idoneidade dos mesmos.
Aliás, acredito que o PT demonstrou prudência, autoconfiança e serenidade ao não imitar a histeria tucana diante de números negativos e não fazer ataques ao Datafolha. O ataque do PSDB ao Sensus revela-se agora um mico triplo, porque:
Sem a mínima base na realidade, visto que dois institutos de pesquisa continuavam apontando sua ascensão gradual e firme, eles faziam prognósticos derrotistas para a candidatura governista.
Reuni alguns:
Diogo Mainardi, em 1º de maio:
"A campanha de Dilma Rousseff está ruindo."
Mas o Mainardi é um imbecil metido a engraçadinho. Nem vale a pena comentá-lo. O Merval Pereira ao menos finge que é sério. E entrega melhor o jogo do que ninguém.
Merval Pereira, em 5 de maio:
"Mas as notícias não são boas, nem as objetivas nem as de bastidores, que falam de novas pesquisas, depois da saída de Ciro Gomes, que indicariam a ampliação da vantagem do tucano José Serra sobre Dilma.
A campanha de Dilma não passa um dia sem ter sobressaltos, e sempre relacionados com uma maneira nada popular de se comunicar da candidata oficial, o que exacerba o contraste com as virtudes performáticas de seu padrinho, ampliando os defeitos da protegida novata em campanhas eleitorais.
Os movimentos bruscos do presidente nos últimos dias, alternando uma excitação desproporcional com uma emotividade excessiva diante da aproximação do final do seu mandato, indicam que as coisas não estão saindo como ele planejou.
(...)A oposição está também negociando com o PSC e outras pequenas siglas que têm alguns segundos preciosos de propaganda gratuita, graças a uma legislação eleitoral completamente inexplicável. Se PTB e PP formalizassem o apoio a Dilma, a vantagem dela na propaganda de televisão e rádio seria enorme: a petista teria 11 minutos e 37 segundos em cada bloco de 25 minutos exibido à tarde e à noite. O tucano José Serra teria menos da metade: 5 minutos e 36 segundos.
(...) Mas, mesmo com todo o seu empenho, já paira no ar uma leve desconfiança de que ela é pesada demais mesmo para Lula, e uma indicação clara disso é a neutralidade do PP na corrida presidencial."
O colunista do Globo sem querer entregou a senha. A estratégia toda consistia em criar um clima de euforia triunfante para que Serra conseguisse fechar apoio com outros partidos, expandindo seu tempo de TV.
Marco Antonio Villa, em seu blog, no dia 13 de maio:
"Se a candidatura Dilma, nas pesquisas do partido, continuar patinando, o que farão?
Ainda no blog de Villa, no mesmo dia:
"Ela continua dando declarações confusas, saindo sempre atrás da agenda (tímida) apresentada por Serra e mostrando extrema insegurança."
Villa, outra vez, no dia 7 de maio (agora entendo porque ele é a fonte mais requisitada dos jornalões):
"Em 1960 JK estava com a popularidade lá nas alturas. Mesmo assim não elegeu o sucessor. Recentemente, na América Latina, outros presidentes bem avaliados não conseguiram fazer o sucessor.
Os analistas que afirmavam, desde o ano passado, que Dilma herdaria a popularidade de Lula devem estar com os cabelos em pé. Citavam números, até para dar veracidade à hipótese. Até agora, contudo, o que vemos são as duas principais candidaturas estabilizadas: Serra na frente e Dilma em segundo, variando a diferença entre eles de 5 a 10% das intenções de voto.
Depois das duas últimas pesquisas (Ibope e Datafolha) nada aconteceu que mudasse este panorama. Se neste mês a diferença ficar estabilizada, veremos que ocorrerão várias defecções estaduais. O PMDB vai rachar, mas não sem antes saquear o que for possível do Estado. A seção gaúcha que têm uma tradição de combatividade - e de independência, nos últimos anos - já sinalizou que não vai apoiar Dilma. É uma defecção importante, tanto no sentido ideológico, como pela importância eleitoral do estado. Pode ser o sinal para outros rachas no partido.
Lula propala aos quatro ventos que Dilma não decolou por ele não entrou na campanha. Pura falácia. Ele faz campanha para ela desde 2008."
*
Simultaneamente, o colunista multimídia Arnaldo Jabor fazia ataques virulentos à Dilma Rousseff. Numa intervenção intitulada "Com Dilma, sentiremos saudades de Lula", ele diz pérolas de sectarismo ideológico como "cabeça de comuna não muda". E distribui "bolcheviques" e "jacobinos" para todo lado. Espertamente, Jabor fez elogios pontuais ao Lula, sobretudo por, claro!, dar continuidade à política econômica de FHC, e interpõe um abismo revolucionário entre o presidente e sua candidata, esta sim, representante máxima do perigo vermelho.
*
A estratégia, todavia, sempre foi capenga porque atrapalhada pela existência de pesquisas outras que negavam essa realidade. Então começou-se uma operação de desqualificação dessas pesquisas.
Marco Antonio Villa, em 15 de maio:
"Achei estranhíssima a pesquisa Vox Populi divulgada quase agora. Foi consultado pelo Ig antes de sair o resultado. recebi a informação que Dilma estava na frente nos dois turnos. Para mim é uma surpresa e sem explicação porque:
1. não correu nehum fato relevante que pudesse justificar esta virada;
2. Dilma deu vários escorregões nas últimas 3 semanas;
3. Lula apareceu poucas vezes, ao seu lado, depois que saiu da Casa Civil;
4. o programa do PT foi exibido depois do término da pesquisa;
5. Serra deu destaque especial ao NE, viajou para vários estados e evitou o confronto com Lula. Também esteve em vários programas populares pelo Brasil;
6. Serra não "pisou na jaca" nestas semanas.
Como explicar este resultado sem ter que desconfiar da amostragem?"
*
A campanha de desqualificação do Sensus e do Vox Populi ganhou a blogosferademotucana, e assim conseguiram manter uma chaminha de esperança em sua escassa militância.
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A Folha, por sua vez, publicou diversas reportagens sobre o Vox Populi e o Sensus, nas quais sempre dava um jeito de lançar dúvidas sobre a idoneidade dos mesmos.
Aliás, acredito que o PT demonstrou prudência, autoconfiança e serenidade ao não imitar a histeria tucana diante de números negativos e não fazer ataques ao Datafolha. O ataque do PSDB ao Sensus revela-se agora um mico triplo, porque:
- Os advogados tucanos acusaram o Sensus com um dado errado. Patetice e safadeza sem limites.
- Processar instituto de pesquisa porque ele não deu números positivos para seu partido, é sinal de desespero e insegurança.
- Os números do Sensus foram confirmados pelo Vox Populi e agora pelo Datafolha.
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A campanha deu resultados. Jornalistas reconhecidamente isentos, ou mesmo pró-PT, como Kotscho, aceitaram as versões de que Serra estava indo muito bem e Dilma, muito mal.
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Os fatos, porém, ah, os fatos, sempre foram fiéis à realidade. Dilma cresceu em todas as pesquisas. Melhorou sua aprovação em todos os segmentos sociais, conforme levantamentos cientificamente apurados. Enfrentou entrevistas difíceis com galhardia. Seus erros foram erros bobos, humanos, gafes insignificantes, muito diferente das grosserias sistemáticas, sinal de mau caráter e autoritarismo, que Serra tem cometido contra jornalistas (aqui, aqui, aqui e aqui).
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