quarta-feira, 26 de maio de 2010

Economia brasileira cresceu 11,7% no 1º trimestre


por Fernanda Bompan, no DCI

O indicador sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deste ano pode superar até mesmo as expectativas do Banco Central (BC). É o que revela pesquisa feita pelo Indicador Serasa Experian de Atividade Econômica, divulgada ontem, cuja expectativa para o crescimento de janeiro a março de 2010 é 2,8% maior do que o trimestre anterior, isto é, alta da taxa anualizada de 11,7% para este ano.

Na comparação com o primeiro trimestre de 2009, o mesmo período de 2010 apresentou crescimento de 8,2%, puxado pelo avanço de 14,6% do setor industrial, seguido pela alta de 6,0% no setor de serviços e de 4,2% na agropecuária. “Esses índices já eram esperados porque os dados mensais já apresentavam elevações, além de que os números da indústria, serviços e agropecuária, já divulgados, demonstram uma alta considerável do PIB”, explica o gerente de Indicadores da Serasa Experian, Luiz Rabi.
O índice anualizado previsto pela Serasa Experian é bem maior do que o registrado pelo Índice de Atividade do BC (IBC-BR), cuja perspectiva é do primeiro trimestre registrar elevação econômica de 9,85% ao ano. Já o Ministério da Fazenda projeta aumento entre 7,5% e 8,5% para o PIB neste primeiro trimestre.
No entanto, de acordo com Luiz Rabi, tal ritmo deverá reduzir a partir do segundo trimestre de 2010, por causa da retirada dos estímulos fiscais à aquisição de veículos e outros bens duráveis, pelos cortes orçamentários anunciados pelo governo federal e pelos efeitos contracionistas da política de aperto monetário posta em prática pelo BC.  
O presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Andrew Frank Storfer, endossa a opinião do gerente do Serasa.
“Como a base de comparação é o primeiro trimestre de 2009, o qual foi um período muito ruim, prever que os primeiros três meses deste ano vão ser melhores é muito coerente. É possível, sim, que o crescimento [para o primeiro trimestre de 2010] seja um pouco mais ou um pouco menos do que 10%”, analisa ele.
Para Storfer, a tendência é de que, nos próximo meses, com reflexos em 2011, o ritmo de crescimento seja menor. “Muitos benefícios dados, como incentivos ficais serão retirados neste ano, além de que a alta da Selic [taxa básica de juros] deve ajustar os indicadores de 2011 e por isso podemos ver uma elevação do PIB em torno de 5%, mas tudo dentro da normalidade”, ressalta.
Março
De acordo com a pesquisa feita pela Serasa, o crescimento verificado em março foi de 9,3% em relação ao mesmo mês do ano passado, resultando na maior taxa anual de expansão da atividade econômica desde abril de 1995, quando a taxa anual de crescimento atingiu 10,4%.
Desconsiderando-se os fatores sazonais, o crescimento mensal observado em março de 2010 foi de 1,8% em relação a fevereiro deste ano. Sob a ótica da demanda agregada, a alta de 9,3% na atividade econômica, considerando a sua comparação anual, foi determinada pelos crescimentos de 27,8% nos investimentos produtivos (formação bruta de capital fixo), de 11% no consumo das famílias e pelo avanço das exportações em 18,5% no mês. O dado só não foi maior por causa da elevação das importações (47,2%). Do ponto de vista da oferta agregada, o setor industrial foi o grande responsável pelo avanço do PIB no mês, com crescimento de 17,7% frente a março de 2009.
Focus
Para o fechamento do ano, o mercado estima que o PIB deve ficar em 6,46%, Segundo relatório Focus, divulgado ontem pelo BC, é a décima alta consecutiva na previsão dos analistas consultados, anteriormente em 6,30%. Para 2011, entretanto, é esperado um encerramento em 4,50%, mesmo índice registrado há 24 semanas.
 Sobre a inflação, também houve aumento nas projeções. O IPCA passou de 5,54% para 5,67%, décima oitava alta consecutiva. No próximo ano, aguarda-se fechamento de 4,80%, a mesma análise há seis semanas. Para o IGP-DI, os analistas projetam elevação de 8,73% neste ano, contra 8,43% registrado na semana passada, e mantiveram o índice em 5% para o próximo ano.
Outro índice que está chamando bastante atenção para as expectativas é o IGP-M, que para os consultados pelo BC deve ficar em 8,75% em 2010, ante 8,56%, verificado anteriormente, e em 2011, deve fechar em 5%, aumentando com relação ao último relatório. Já o IPC-Fipe apresentou queda nos prognósticos para 2010, ao passar de 5,5% para 5,45%, mas mantém a predição de 4,50% há 18 semanas.

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