Tem que sair |
Publicado na Fórum
Depois de tudo isto, agora o noticiário veicula que parlamentares e membros da CPI estão agindo em nome de Cunha para intimidar testemunhas e depoentes, na Operação Lava Jato. Que a CPI se reduziu a um mero instrumento de defesa e de coação política e pessoal em benefício de Cunha, não resta dúvida. Não é a isenção investigativa que impera nessa Comissão. Não se trata de um instrumento que quer buscar a verdade das coisas. Não é um recurso usado para coibir a corrupção e para aconselhar medidas com vistas a melhorar a eficácia do Estado. Pelo contrário, esta CPI está a serviço do acobertamento da corrupção, da manipulação de interesses políticos escusos, da degradação da nossa precária democracia.
O STF e a Sociedade não Poderão Omitir-se
E dos partidos e dos políticos, o que esperar destes? Com as raras e honrosas exceções, não se pode esperar nada, absolutamente nada, a não ser a vergonhosa omissão de uns e a criminosa conivência de outros. Os partidos e os políticos deveriam saber que eles já não têm crédito e legitimidade junto a sociedade; deveriam saber que já não são ouvidos; que já não são respeitados e que não merecem confiança e fé.
Alguns desses políticos, de quase todos os partidos, enleados nas teias da corrupção, podem até escapar do julgamento da justiça. Os omissos e coniventes podem até escapar do julgamento das urnas. Na sua arrogante pavonice, podem até acreditar que são depositários de admiração. Mas deveriam saber que são causadores de repugnância.
Julgam eles que a sociedade ignora o mal ao poder público que eles representam? Julgam eles que a sociedade não sabe dos seus privilégios, das suas omissões e da sua incompetência? Pensam eles que não serão vistos, no futuro, como destruidores da dignidade da política e como cúmplices de um Estado que apodreceu pela corrupção? Sim, e mesmo assim, acreditam que poderão continuar por muito tempo enganando o povo, com sua perpetuação no poder, com as benesses e com os privilégios.
Mal sabem eles – partidos e políticos – que do ponto de vista do juízo histórico, estão sentados no banco dos réus. Mal sabem eles que o juízo da história não será complacente e que eles já estão e serão condenados com penas severas e duríssimas. Uns porque não tiveram limites em sua corrupção; outros, porque assumiram o figurino dos oportunistas, dos omissos e dos coniventes. Não pensem os políticos atuais que poderão se evadir do juízo da história, protegidos pela noite promíscua e escusa de Brasília.
Pensar que o atual sistema político e partidário, que tem em Eduardo Cunha um de seus ícones, possa mudar e remediar-se, é algo pueril. Num momento em que os apelos revolucionários caíram em desuso, só restam à sociedade dois caminhos para sair do atual beco sem saídas da política brasileira: apelar para que a sociedade civil se mobilize, se organize, cobre e participe; e apoiar as instituições do Estado, principalmente o Ministério Público, o Judiciário, a Polícia Federal e a Receita Federal, entre outras, para que radicalizem o processo de sua republicanização."
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