quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Ou a TV tradicional muda ou acaba!


Imagem: Nick Thompson – Creative Commons

"Hoje, todos podemos ser cinegrafistas, diretores, editores, atores e donos do nosso próprio canal de vídeo, mas mais importante ainda, donos de nossa própria programação de TV


É incrível como querem empurrar qualquer coisa para o público. Um bom exemplo é o programa da Fátima Bernardes, que a Rede Globo empurrou “goela a baixo” de seus telespectadores. E o mau gosto do BBB que nesta 15ª edição enfrenta um de seus piores níveis de audiência (1), como outro exemplo onde a qualidade é desprezada. Nas tão famosas manifestações em junho de 2013 alguns veículos de comunicação sentiram a fúria popular em relação à posição da mídia (2), tanto que a rede Globo cobriu as manifestações sem usar a logomarca em seus microfones e uniformes e, em poucos dias, o que era noticiado como vandalismo passou a ser chamado manifestações pacíficas (3).

Ao contrário de um processo que antes demorava dias ou meses, as notícias hoje não têm mais esse “tempo”. São para o AGORA. É muito rápida a forma como as notícias se espalham, sejam elas verdadeiras ou falsas, isso graças à internet. Mas o que quero ressaltar é que com o acesso das grandes massas a tecnologias como computadores, tablets, notebooks, Smart TVs e principalmente smartphones vai forçar uma mudança na maneira de “fazer imprensa”. Hoje temos mais opções. Seja de forma legal ou não.

De forma ilegal é, por exemplo, o GATONET, que poderia ser a 3ª maior operadora de TV a cabo do Brasil (4). Chamo atenção aqui não pelo ato de contrariar lei, mas para o fato de que uma boa parcela da população tem mais opções de canais, deixando os tradicionais SBTGloboBand e Record como segunda opção, o que pode explicar quedas nos atuais índices de audiência. Por outro lado, até o 3º trimestre de 2014 havia no Brasil 19.473.353 de assinantes de TV por assinatura (5), um número que cresceu mais de 500% nos últimos 10 anos.

Outro fator que chama a atenção é o crescente número de dispositivos de acesso ainternet, como as Smart Tvs e os Smartphones. Segundo o Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br) a quantidade de domicílios que possuem acesso a internet é de 51% (85,9 milhões de pessoas) em 2014; e segundo o estudo do IDC Mobile Phone Tracker Q3 (6), foram vendidos 15.1 milhões de celulares inteligentes (os Smarts) entre os meses de julho e setembro de 2014, o que significa um crescimento de 11% na comparação com o segundo trimestre, e de 49% se comparado com o mesmo período do ano passado.

Em relação as TVs, a Philips diz que a venda de Smart TV está crescendo e já representa 80% de suas vendas (7) e com a expectativa de que de 35% a 40% dos televisores vendidos neste ano no mercado brasileiro seja de Smart TVs (8). Mas para quem ainda não tem essa tecnologia em sua TV, o Google lançou o Chromecast, que poderá transformar o aparelho em Smart TV: o Chromecast é do tamanho de um pendrive que se conecta à porta HDMI da TV e tem seu custo entre R$150 e R$250 (9).

Hoje já não são apenas as câmeras de canais de TV que fazem os registros dos acontecimentos, já não são mais as lentes de foto jornalistas a captarem de forma exclusiva, já não são mais os jornais impressos o grande intermediário da notícia. Vivemos hoje o verdadeiro Big Brother descrito no livro de Orwell, onde uma grande parcela da população possui aparelhos que filmam e fotografam.

É mais difícil mascarar uma notícia, perdeu-se a exclusividade. Não são necessários milhões de reais para se criar um canal de televisão: é de graça no Youtube. Os preços de bons equipamentos para a captação de áudio e vídeo estão cada vez mais baixos. Hoje os adolescentes criam estúdios de gravação em casa e fazem sucesso na internet. A TV tradicional está começando a perder espaço. O mercado para os canais online está crescendo, esses canais são livres, podem se expressar de uma forma que as garras impostas por uma imprensa sensacionalista não as prendem. Blog de notícias locais estão crescendo, até mesmo nas mais pequenas cidades brasileiras.

O acesso crescente à internet, as altas nas vendas de Smart TVs e Smatphones com acesso direto ao Youtube, por exemplo, são uma real ameaça para os canais tradicionais. Em um futuro não distante o telespectador assistirá os seus canais favoritos na internet; a produção independente crescerá muito, pois há rentabilidade nesses canais – aqui no Brasil chegam a ganhar mais de US$300.000,00 (trezentos mil dólares) por mês (10), fazendo desta uma atividade altamente lucrativa e com um público direcionado e fiel.

Dentro desta expectativa e crescimento tecnológico, a TV tradicional tem de mudar ou então fechar as portas. Tem de saber que manipular as massas ficará mais difícil, não é mais como antigamente, época na qual a informação era restrita. O povo não é bobo.

Hoje, todos podemos ser cinegrafistas, diretores, editores, atores e donos do nosso próprio canal de vídeo, mas mais importante ainda, donos de nossa própria programação de TV."

Ediel Rangel, Pragmatismo Político

*Ediel Rangel é graduado em Sistemas de Informação pelo Instituto Doctum de Educação e Tecnologia, graduando em Ciências Contábeis pela UFVJM, mestrando em Tecnologia, Ambiente e Sociedade pela UFVJM, autor do Blog Ediel Rangel e colaborou para Pragmatismo Político.

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