(Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)
O ex-governador paulista José Serra foi sucinto ao ser perguntado sobre o que achava do livro "A Privataria Tucana", de Amaury Ribeiro Jr., no qual figura como um dos protagonistas: "Vou comentar o que sobre lixo? Lixo é lixo."
Junto dele estava seu adversário - ou seria inimigo? - de legenda, o senador mineiro Aécio Neves, que classificou o livro de "literatura menor".
São duas definições interessantes sobre o livro-reportagem, sucesso instantâneo de vendas que narra como um grupo de pessoas ligadas a Serra usou a privatização desenfreada dos anos 90 para embolsar quantias dignas da posição que ocupavam no governo FHC. Desnudam o caráter dos personagens.....
Serra, por exemplo, valeu-se de sua já proverbial grosseria, atropelo verbal e falta de tato para encerrar o assunto. A expressão "Lixo é lixo" se enquadra perfeitamente no rol de outras tantas frases que o caracterizam como um dos mais toscos políticos da história brasileira. Para quem duvida, aí vai uma pequena relação das suas pérolas mais conhecidas:
"Minha mãe me considera simpático. Os outros, eu não sei. Eu só tenho certeza a respeito de minha mãe."
"O salário mínimo só poderá ter aumento significativo quando reduzirmos a informalidade no mercado de trabalho. "
"Se Lula fosse eleito, estaríamos diante de duas possibilidades: ou ele cumpriria seus compromissos assumidos com os empresários e estaríamos diante do maior estelionato eleitoral, depois da eleição de Collor; ou, se tentasse cumprir suas promessas mágicas com a população, levaria o Brasil à ruína."
"Sou insuficientemente simpático."
"Se eu for eleito, a vaca não vai para o brejo."
"Sou de pegar o osso e não largar, como um buldogue."
"Como é que vou ser ministro da Saúde se desmaio quando vejo sangue?"
"As mortes são uma fatalidade, uma tragédia. Você tem milhares de moradias, em geral em loteamentos clandestinos, lugares inseguros. É difícil as famílias concordarem em mudar de lá quando está tudo bem." (sobre as enchentes em São Paulo)
"Mandei tirar fotos do Alto Tietê. Na Grande São Paulo, é impressionante a impermeabilização, o que anuncia enchentes no futuro."
"No meu governo, a cultura será tratada como uma prioridade do desenvolvimento social. Não será privilégio de elites nem objeto de luxo."
''Hoje são mais 8 audiências, reuniões, entrevistas e, à noite, programa da Luciana Gimenez.'' (no seu twitter)
"O PT está propondo criar 10 milhões de empregos. Se eu quisesse fazer demagogia, proporia 11 milhões. Mas aí seria um concurso de Papai Noel."
"Eu costumo dizer que o mais inocente deles (dos donos de laboratórios) matou a mãe para ir a um baile de órfãos."
"Data de pagamento não é uma questão de direitos humanos, mas de disponibilidade de caixa."
"Não me importo de me atribuírem todos os pecados do mundo, mas, por favor, não digam que eu seria capaz de comer pizza de soja."
"Sempre disse que treino é treino, e jogo é jogo."
"Ela (a gripe suína) é transmitida dos porquinhos para as pessoas só quando eles espirram. Portanto, a providência elementar é não ficar perto de porquinho nenhum."
Acho que chega. Afinal, ninguém é de ferro.
Aécio, por seu lado, ao classificar o livro de "literatura menor", apresentou uma faceta desconhecida do público. Já se sabe que ele é um político que gosta das coisas boas da vida, que não despreza os prazeres tão necessários para quem se dedica tanto à causa pública. Mas esse seu lado de admirador da alta literatura era até então desconhecido. Seria bom, portanto, que ele aproveitasse tudo o que aprendeu com os clássicos para rechear os discursos que faz, rasos como a mais monótona planície, repletos dos mais entediantes lugares comuns.
Crônicas do Motta
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