O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), e o suplente de senador João Faustino (PSDB-RN) estão encrencados com o Ministério Público por conta de contratos milionários assinados com donatarias de inspeções veiculares. É o escândalo da vez. Mais adiante virá o dos chips.
Em 2006, a Resolução 212 do Conselho Nacional de Trânsito mandou que, até meados de 2010, nenhum veículo pudesse ser licenciado sem que nele houvesse um chip. Ele transmitiria dados para dezenas de milhares de antenas, que os remeteriam a centenas de centrais de processamento.
Repetindo: nenhum veículo seria licenciado sem chip, nem em São Paulo, onde havia 4,5 milhões de carros e caminhões, nem em Uiramutã (RR), na fronteira com a Venezuela, onde existiam dois carros, um caminhão e duas motocicletas.
A traquitana custaria algo como R$ 4 bilhões. Diziam que serviria para reprimir os furtos. Lorota, pois o ladrão arranca o chip e leva o veículo ao desmanche.
Diziam também que os donos de carro não pagariam nada. Quem pagaria? Todo mundo, mesmo a patuleia pedestre.
Serviria, na melhor das hipóteses, para fechar grandes contratos. Na pior, para criar pedágios urbanos.
A resolução de 2006 deu em nada. Em 2008 (ano de campanha eleitoral), anunciou-se que a negociação dos contratos seria reanimada, mas o assunto saiu da agenda.
No ano seguinte, a resolução foi reescrita e o início da festa foi transferido para junho de 2011, tanto em São Paulo como em Roraima. Novamente, deu em nada. Em julho deste ano, decidiu-se que a festa dos contratos começará no dia 1 de janeiro de 2012 (ano de campanha eleitoral).
Nenhum país do mundo tem sistema semelhante, porque em país algum apareceram fornecedores de equipamentos com tanta ousadia. Ninguém quer vender antenas para Uiramutã, onde só há um serviço de emergência pediátrica. O filé está na venda de equipamentos para grandes cidades, igualzinho ao que ocorreu com as inspeções veiculares.
Elio Gaspari
via com textolivre
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