Orlando Silva e Ricardo Teixeira: escanteado pelo governo, presidente da CBF agora quer dar o troco (André Coelho/Agência O Globo) |
Na Fifa, Orlando Silva é visto como
um obstáculo aos interesses
da entidade. Jerome Valcke
já vinha evitando ter
de negociar com ele
A Fifa e a CBF usam a crise que assola o Ministério dos Esportes por conta das suspeitas que pesam contra o ministro Orlando Silva para reconquistar o espaço que havia sido ocupado pelo governo na definição de leis da Copa do Mundo de 2014 - e, assim, impor suas exigências, que vinham sendo combatidas por setores do governo.Na semana considerada como a mais crítica para a definição do Mundial no Brasil, o governo não foi sequer convidado a participar dos encontros em Zurique, que começam nesta segunda-feira. O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, ainda levará propostas que driblam a posição do governo. A situação fragilizada de Orlando Silva já abre espaço para que as ideias defendidas pelo Planalto enfrentem uma dura resistência....
Depois da publicação da reportagem de VEJA que envolve Orlando Silva numa suspeita de desvio de dinheiro, a cúpula da Fifa teme que o novo escândalo envolvendo o Ministério dos Esportes cause problemas para a definição de leis fundamentais para a Copa. A manobra da Fifa e da CBF, portanto, é a de isolar Orlando Silva e reduzir sua influência. Segundo fontes na Fifa, essa estratégia já começou a ser implementada.
Definições - Nesta semana, a Fifa anunciará as sedes da Copa, a agenda de jogos e mais detalhes sobre a Copa das Confederações. Apesar de toda a pressão política, o governo federal sequer foi convidado a participar das reuniões. Em Zurique, o secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, já vinha evitando ter de negociar com o ministro. Agora, a tendência é de que seu peso nas decisões seja reduzido.
Valcke não entendeu até hoje porque o ministro apresentou um projeto da Lei Geral da Copa no início do ano e, meses depois, modificou a proposta. Na Fifa, Orlando Silva é visto como um obstáculo aos interesses da entidade. Não por acaso, a crise no ministério chegou a ser comemorada em Zurique. Na prática, medidas que foram sugeridas pelo ministério já começam a ser desafiadas.
Benefícios - Ao contrário do que o ministro indicou à presidente Dilma Rousseff, a Fifa não irá aprovar nove sedes para a Copa das Confederações de 2013. Fontes na entidade garantem que serão apenas cinco ou seis e que levar o torneio para Cuiabá ou Manaus encareceria ainda mais o evento. A Copa das Confederações jamais deu lucros para a Fifa e a meta agora é a de reduzir custos.
Na Fifa, o alto escalão acusava Orlando Silva de tentar ampliar o torneio, justamente para garantir benefícios financeiros e políticos a outras prefeituras. Outra posição defendida pelo governo e que passa a ser minada é a da meia-entrada para os ingressos da Copa do Mundo. Teixeira vai propor que essa exigência do governo seja limitada a apenas alguns jogos e setores do estádio.
Repercussão - Teixeira, que na última reunião entre a presidente Dilma e Valcke não foi chamado a participar, dá agora seu troco no governo. Em Zurique, a polêmica envolvendo o governo brasileiro chamou a atenção dos parceiros comerciais da Fifa. A entidade já recebeu consultas de seus patrocinadores, querendo saber de que forma as suspeitas no Brasil afetam seus planos.
No Veja
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