Wikileaks: ataques do PCC em São Paulo em 2006, ano de eleição, eram para desestabilizar o Lula
"O aterrorizante levante que a principal facção criminosa de São Paulo executou durante vários dias de maio de 2006 - com 299 ataques dentro e fora das prisões e 154 mortes em confrontos nas ruas - capturou atenção redobrada da diplomacia dos Estados Unidos, que, na época, e com base em informação de um funcionário do sistema penitenciário paulista, chegou a enviar relatório a Washington dizendo que havia conotação política por trás da balbúrdia: a tentativa de desestabilizar o governo do presidente Lula."
Publicada em 10/02/2011 às 07h49m José Meirelles Passos
RIO - O aterrorizante levante que a principal facção criminosa de São Paulo executou durante vários dias de maio de 2006 - com 299 ataques dentro e fora das prisões e 154 mortes em confrontos nas ruas - capturou atenção redobrada da diplomacia dos Estados Unidos, que, na época, e com base em informação de um funcionário do sistema penitenciário paulista, chegou a enviar relatório a Washington dizendo que havia conotação política por trás da balbúrdia: a tentativa de desestabilizar o governo do presidente Lula.
Segundo o informante Francisco de Assis Santana, supervisor do treinamento de empregados dos presídios, a facção tinha um parceiro na empreitada e trabalhava com o Movimento dos Sem Terra (MST) para desestabilizar o governo.
O funcionário disse que a facção e o MST trabalhavam juntos em muitas instâncias. Os 22 telegramas sobre o sistema penitenciário, produzidos pela embaixada dos EUA em Brasília, entre fevereiro de 2006 e setembro de 2009, foram revelados ao GLOBO pelo WikiLeaks.
O relatório diz ainda que fontes da Polícia Federal elogiam a facção criminosa por sua visão de longo prazo. "Segundo elas, a organização está cultivando seus próprios advogados, trabalhando para controlar juízes e bancando alguns políticos locais no Rio e em São Paulo", diz um documento enviado a Washington. O texto relatava ainda que um agente entrevistado previa que a facção iria, "eventualmente, estabelecer ou 'alugar' um partido político que possa promover seus interesses".
Os papéis contêm descrições detalhadas sobre as péssimas condições carcerárias do país. Tortura de presos, superlotação, condições sanitárias ruins, doenças, abuso de prisioneiros e corrupção das autoridades do setor são apontados como rotina. A então embaixadora dos EUA no Brasil, Donna Hrinak, conclui um dos telegramas de 2006 insinuando que a perspectiva era de a deplorável situação carcerária continuar se agravando.
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