Rui Martins, Direto da Redação
“Nem tudo é Carnaval no Brasil pós-Lula, como provou a polêmica levantada pelo bloco com camisetas desenhadas pelo cartunista Ziraldo, mostrando o escritor Monteiro Lobato agarrado numa mulata. Mas Que merda é Essa, ironizava Ziraldo, diante da celeuma provocada pelo Conselho Nacional de Educação ao considerar impróprio para a criançada, por racismo, o livro Caçadas de Pedrinho, do consagrado autor do Sítio do Picapau Amarelo, paulista de Taubaté.
Com sua costumeira irreverência, Ziraldo quis por um fim na polêmica « Lobato era racista ? » mas sua brincadeira teve o efeito de merda jogada no ventilador, e o próprio Ziraldo, nesta quarta-feira de cinzas deve estar sorrindo amarelo. Sua explicação de racismo com ódio e racismo sem ódio não convenceu e foi interpretada como conversa de quem é racista enrustido.
Na verdade, Ziraldo nisso não é exceção. A maioria da sociedade brasileira é racista enrustida, o que o jornalista Dojival Vieira, da comunidade negra Afrokut, define como « racismo bonzinho » na versão ipanemense de Ziraldo. Se o racismo bonzinho brasileiro não deu origem à criação de um Klu Klux Klan brazuca, como lamentava Monteiro Lobato, em sua correspondência revelada pela escritora negra Ana Maria Gonçalves, se manifesta numa sociedade de pessoas cor-de-rosa e pessoas marrom, como bem retrata o livro O Menino Marrom, do próprio Ziraldo.
Ziraldo queria protestar zombeteiramente da exclusão do livro Caçadas de Pedrinho das escolas pelo Ministério da Educação, por veicular racismo entre as crianças. Para o cartunista isso seria censura ao velho Lobato e quis provavelmente reagir com caçoada, ele que também escreve para crianças « mas que merda é essa minha gente, deixem o Lobato em paz! ». Só que o racismo no Brasil não se resolve com brincadeiras e caçoadas.”
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