No Brasil, se o candidato a presidente da República não for o preferido da elite que governou o país por quinhentos e tantos anos, não basta ultrapassar todos os obstáculos, convencer a maioria do eleitorado e ganhar a eleição.
Está longe de ser razoável que um ministro do STF como Gilmar Mendes, publicamente identificado com os interesses do PSDB e dos segmentos mais reacionários da sociedade, use o cargo transitório de vice-presidente do TSE para militar contra o mandato constitucional da presidenta Dilma.
Escolhido de forma no mínimo estranha para relatar as contas de campanha de Dilma, uma vez que carece do mínimo de imparcialidade exigido de qualquer juiz, Gilmar, para início de conversa, tinha que se declarar impedido de assumir a tarefa dada a sua militância partidária.Mas, como de onde menos se espera é que não vem nada mesmo, Gilmar não só abraçou a empreitada como fez da missão uma trincheira política para atacar a legalidade do mandato presidencial e questionar o veredicto das urnas.
Isso irritou até mesmo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que, ao rejeitar um pedido de investigação da campanha de Dilma acerca da prestação de serviços de uma gráfica, passou uma descompostura pública em Gilmar, lembrando-lhe o óbvio : não faz bem para o regime democrático e para o Brasil o protagonismo exagerado da justiça eleitoral.
É evidente que bastaria uma multa ou uma retificação específica desses gastos. Mas isso se o foco não fosse a candidata de um partido que venceu a quarta eleição consecutiva contra os candidatos do conservadorismo. Mas isso se não existisse no Brasil um juiz como Gilmar Mendes. "
Bepe Damasco, Blog do Bepe
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