17 de junho de 2014 | Autor: Fernando Brito
Um link interessante do UOL sobre uma pesquisa feita por uma consultoria inglesa, a UHY, que comparou preço dos combustíveis e mostrou que o Brasil tem um dos menores preços do mundo para o diesel, a gasolina e o gás natural.
Embora a matéria seja do competente jornalista Joel Leite, que não entra em cumplicidade com a indústria automobilística, estranhei, de tanto que ouço comentários sobre o preço “absurdo” cobrado no Brasil, que fui atrás do estudo original.
E, de fato, está lá a comparação, feita justamente por uma empresa de contabilidade, mostrando que a posição do Brasil, entre os 20 países pesquisados, está sempre entre as mais baratas.
A pesquisa, que usou como base de comparação um tanque de de um furgão Ford Transit (80 litros de gasolina ou diesel) coloca o Brasil, entre os 20, como o 14° preço na gasolina, o 16° no diesel e como o 17° no gás natural. Clique na imgem para ampliar a tabela e ler os valores.
Claro e óbvio que, em relação à renda, os preços no Brasil se tornam mais caros, e ninguém pode dizer que combustíveis não pesam significativamente na formação do preço de outros produtos e no custo de vida.
Mas é impressionante a reação “coxinha” que a matéria provocou, com o jornalista sendo acusado de petista e os ingleses de estarem a serviço de Dilma.
O curioso é que os protestos contra o peso dos impostos nos combustíveis são, em geral, voltados contra o Governo Federal, embora a carga tributária sobre os combustíveis seja, essencialmente, dos governos estaduais.
No caso da gasolina, os tributos federais são 7% do preço enquanto o tributo estadual é quatro vezes maior, em média.
No etanol, hoje, é zero.
E, no gás natural automotivo, 9,2%.
E essa carga tributária não é mais alta porque o governo federal foi, ao longo do tempo, reduzindo a carga tributária federal criada pela CIDE, como você vê na tabela ao lado.
Se a gasolina está cara ou barata e se a carga de impostos é justa ou injusta é uma discussão que deve levar em conta muitos fatores, desde os preços internacionais do petróleo até as políticas públicas de incentivo ou desestímulo ao consumo de combustíveis.
Mas nenhuma discussão pode ser lúcida se parte de uma exploração simplista de interesses políticos e de mistificação em torno dos fatores de formação de preços.
E a discussão sobre preço da gasolina no Brasil está, há muito tempo, “batizada” por uma mistura de interesses políticos inconfessáveis, inclusive os dos que, de fato, retiram mais dinheiro do comércio de gasolina e etanol.
Raro encontrar gente que, como o Joel Leite, que faça jornalismo nessa matéria, com informação em lugar de discurso.
http://tijolaco.com.br/blog/?p=18387
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