sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Folha admite o estelionato eleitoral de Alckmin


Editorial: Já vem tarde

Moradores da Grande São Paulo começaram a receber nesta semana kits destinados a reduzir a vazão da água em suas casas. Os apetrechos permitirão diminuição do consumo de ao menos 20% nas torneiras em que forem instalados, de acordo com a Sabesp.

Além disso, a agência reguladora de saneamento do Estado aprovou, também nesta semana, a aplicação de uma multa a quem aumentar o uso de água. A medida, anunciada no mês passado, tem o propósito de combater o desperdício.

Dada a estiagem recorde que São Paulo enfrenta, iniciativas dessa natureza são nada menos do que imperativas. Pelo mesmo motivo, no entanto, deveriam ter sido tomadas há muito mais tempo.

Hoje quase esvaziada, a maior reserva de recursos hídricos do Estado — o sistema Cantareira — já despertava atenção há um ano. Reportagem desta Folha publicada em janeiro de 2014 mostrava que o reservatório atingira seu menor nível em dez anos (23%).

Os índices inquietantes de então eram resultado do terceiro verão consecutivo com chuvas abaixo da média histórica na região de captação. Com a persistência da seca, a situação só se agravou. A Sabesp teve de recorrer pela primeira vez ao chamado volume morto; outros mananciais também se aproximaram de patamares críticos.

A despeito desse quadro, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) optou a princípio por tergiversar. A prioridade do tucano, ao que parece, era cuidar da própria reeleição.

Mesmo após a votação, contudo, o mandatário paulista continuava a alimentar certo otimismo descolado da realidade. "Já passamos pelo pior período e nem utilizamos a segunda reserva técnica disponível", declarou Alckmin no início de novembro, uma semana antes da lançar mão da cota citada.

Diante dessas circunstâncias, soam ironicamente alentadoras, pelo senso de realismo, as declarações de Jerson Kelman, indicado para ser o próximo presidente da Sabesp. "A situação é preocupante, é grave, e nós temos que torcer pelo melhor, mas estar preparados para o pior", afirmou a esta Folha.

Tão importante quanto admitir o problema é comunicar de maneira clara os meios encontrados para remediá-lo. "A melhor política é de absoluta transparência", disse Kelman na mesma entrevista.

O governo de São Paulo teria algo a aprender com isso. Basta dizer que a principal medida de economia adotada até agora, a redução da pressão da água na rede, não chegou ao conhecimento da população por meio de campanha oficial de informação. Foi descoberta — e divulgada — pela imprensa.

http://www.contextolivre.com.br/2015/01/folha-admite-o-estelionato-eleitoral-de.html



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