Pulitzer, retratado pelo pintor John Singer Sargent |
O gênio em questão é Joseph Pulitzer, ou JP, como Ireland chama o grande jornalista do qual foi assistente pessoal depois que ele perdeu a visão.
Jornais, romances, biografias, peças – o apetite literário de JP era imenso e variado.
A diferença entre Ireland e os companheiros é que ele registrou sua convivência com JP.
Terminada a guerra, desempregado, foi despejado de um hotel em Nova York por não ter 50 centavos para pagar pela hospedagem.
“Em menos de 20 anos, ele comprou o hotel, colocou-o abaixo e ergueu nele o Edifício Pulitzer, um dos maiores prédios de Nova York”, conta Ireland.
Era lá que ficava a redação do The World, jornal que, como diz Ireland, era um filho para JP.
Quando entrevistou Ireland para decidir se o contratava, Pulitzer listou as coisas que julgava importantes para um assistente – e para um jornalista.
“Tenho que saber se você tem tato, paciência, senso de humor, capacidade de condensar informação e, acima de tudo, respeito, amor, paixão pela precisão.”
Ireland, você vê no livro, aprendeu muito com JP sobre a arte de editar um jornal. “Como um pescador, o editor tem que fisgar seu leitores com uma isca que contenha aquilo que os peixes querem, e não ELE”, escreveu Ireland.
Pulitzer sabia o que os peixes queriam. Quando ele comprou o The World, a circulação era de 15 000 exemplares. Pulitzer levou-a a 350 000.
A obsessão maior de Pulitzer era com a precisão. “A precisão para um jornal é o que é a virtude para uma mulher”, dizia. “Se você olha as mensagens que mando para os jornalistas do The World, vai ver que precisão, precisão e precisão é a maior e mais urgente exigência que faço.”
Pulitzer tinha princípios vitais. Para ele, jornalista não podia ter amigo, porque fatalmente este seria favorecido no noticiário.
Ele é insultado cada vez que jornalistas como Merval Pereira se deixam fotografar abraçados a juízes do STF como se isso fosse uma banalidade.
“Mas se eu apanho qualquer homem do The World deixando de dar alguma coisa porque um anunciante pediu eu demito imediatamente”, dizia.
O estilo perfeito, para ele, era como um vidro através do qual você olha as coisas sem percebê-lo.
Uma vez lhe perguntaram por que era tão severo com os editores e tão tolerante com os repórteres. “Bem, suponho que isso aconteça porque todo repórter é uma esperança e todo editor uma decepção.”
Extravagante, Pulitzer passava longos períodos em seu iate, chamado Liberty.
Foi a bordo dele que morreu em 1911, aos 64 anos, do coração.
Suas últimas palavras, quando uma secretária lia para ele uma biografia de Luís XI, foram ditas em alemão. “Calma, mais devagar”, pediu.
E então morreu."
Nenhum comentário:
Postar um comentário