terça-feira, 30 de setembro de 2014

Marina ou caos ou o mercado é irracional?



"Reta final da eleição é inaugurada com o pior pregão da Bovespa em três anos; depressão inversamente proporcional às chances de presidente Dilma Rousseff liquidar eleição em primeiro turno; Petrobras cai 11%, Eletrobras perde 7% e até o Itaú, que faz parte do índice Marina Silva, também recua sete pontos; dólar sobe para R$ 2,47, máxima desde 2008; para se fortalecer, Dilma prometeu mudar política econômica, mas mercado prefere operar no caos e apostar na caixa preta de Marina; irracionalidade progressiva

Marco Damiani, Brasil 247 


A gangorra estabelecida entre o crescimento da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas de opinião e a depressão do mercado financeiro chegou ao seu ponto mais extremo nesta segunda-feira 29. O índice Bovespa atingiu seu ponto mais baixo em três anos, aos 54.625 pontos, em queda de 4,52%. Na outra ponta, Dilma nunca se mostrou tão em alta, ao marcar 40,3% em pesquisa CNT/MDA, 15 pontos à frente de Marina Silva, do PSB, no primeiro turno, e com nove pontos de vantagem na segunda volta.

O dólar deu mais peso para a derrubada da Bovespa, com aumento de 1,6% e fechamento em R$ 2,47, a maior taxa desde 2008. Um cenário econômico caótico a partir de um fato político que já era pedra cantada. Dilma vem abrindo diferença para Marina desde que começou a apontar-lhe paradoxos em seus posicionamentos públicos e contradições entre seu programa de governo e sua prática política.

A fobia a Dilma chegou ao ponto da irracionalidade. Enquanto a presidente anunciou que pretende mudar a equipe econômica e fazer ajustes em pontos considerados fundamentais pelo mercado, como um aumento nos preços dos combustíveis, sua adversária Marina Silva foi flagrada em diferentes contradições entre como agiu no passado e o que promete para o futuro. No entanto, ainda assim a Bovespa continuou a operar na lógica de que Marina é pró-mercado, e Dilma, contra.

Os agentes do mercado sabem, no entanto, que é Marina quem mostrou potencial para desnortear investidores, inverter regras e trocar prioridades por outras que ainda não estão claras.

Dilma, por seu lado, anunciou com todas as letras que irá mudar a equipe econômica caso conquiste a reeleição. Sofreu, no entanto, pelo dito e o não dito. A presidente foi acusada simultaneamente de esvaziar o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e não atender aos clamores por mais motivação para investimentos.

Assim como ter catapultado, de maneira artificial, a Bovespa para acima dos 60 mil pontos, logo após a entrada de Marina na sucessão, em agosto, agora os mesmos investidores e especuladores derrubam o índice para menos de 55 mil. Na cascata de quedas que foi liderada na segunda 29 pela Petrobras, com recuo de 11%, até mesmo ações que compõem o chamado índice Marina, de companhias que lhe são amigas, como o banco Itaú, sofreram. No caso, a instituição financeira perdeu 7%, mesmo índice do prejuízo da Eletrobras.

Para a chamada tigrada do mercado, o caos com pretexto nas pesquisas só se aquece na reta final de uma eleição. É típico. A desorganização é o melhor ambiente para a irracionalidade. Já está claro que, para os moldes pretendidos, seria mais fácil realizar pactos com Dilma do que apostar na caixa preta de Marina, mas é exatamente o contrário o que mais interessa para quem está na gangorra."

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