Segundo Agnelo Queiroz, estratégia foi priorizar alfabetização de jovens e adultos, envolver os movimentos sociais e firmar parceria com o governo federal.
Brasília - Primeira unidade da federação a erradicar o analfabetismo, o Distrito Federal usou uma estratégia aparentemente simples, mas funcional: priorizou a alfabetização de jovens, adultos e idosos como principal política pública educacional, se apropriou das tecnologias, experiências e investimentos que o Ministério da Educação disponibiliza e envolveu sociedade civil e movimentos sociais no esforço coletivo.
“Minha primeira decisão, já no governo, foi priorizar o programa de alfabetização de jovens e adultos, contatar os movimentos sociais que fazem alfabetização e determinar que a Secretaria de Educação colocasse isso como prioridade, o que nunca foi nas administrações anteriores. Também fizemos parceria com o governo federal e investimos mais recursos em contrapartida”, contou à Carta Maior o governador Agnelo Queiroz (PT).
De acordo com ele, é por isso que a conquista é uma vitória do seu governo, mas também das parcerias que permitiram o sucesso do programa de alfabetização de jovens, adultos e idosos. “Saber que a nossa capital federal é território livre do analfabetismo é motivos de orgulho, mas também aumenta a nossa responsabilidade. A gente vem batalhando desde 2011 com um programa muito ofensivo, e agora vamos intensifica-lo ainda mais”, acrescentou.
A certificação que resultou no título foi feita com base no Censo Domiciliar 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontou que, das pessoas residentes no DF, 96,4% sabem ler e escrever. O MEC considera, para a certificação, que uma cidade ou estado é território livre do analfabetismo quando mais de 96% da população já está alfabetizada. Caso não só do DF, mas de outros 207 municípios que receberão o título até o final de 2004.
Apesar do censo de ter sido fechado antes de Agnelo assumir o governo, em 2011, uma outra pesquisa, mais recente, feita pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), mostra a contribuição decisiva da sua administração para a erradicação do analfabetismo no DF. Segundo o anuário estatístico 2013, desde o início da sua gestão, o índice de analfabetos caiu ainda mais: agora, 97,9% da população alfabetizados já está alfabetizada.
O aumento de 1,5% não é pouca coisa. Com 2,7 mil habitantes, o Distrito Federal, que engloba a capital do país e as cidades satélites, é a quarta região metropolitana mais populosa do Brasil, perdendo apenas para Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. E mais do que as outras, recebe continuamente uma população migrante, de difícil acesso, acima das taxas nacionais. Pelo último censo, o número de habitantes cresceu 7,2%, enquanto a população do país aumentou 2,83%.
Ainda assim, o poder público tem conseguido chegar aos analfabetos e cercá-los com políticas que mudem essa condição. “Já alfabetizamos mais de 20 mil pessoas, tendo em vista não só diminuir o analfabetismo, mas erradicá-lo. E este ano vamos alfabetizar mais 10 mil”, contabiliza Agnelo.
O governador acredita que a parceria com o governo federal foi inspiradora. “Eles criaram o Programa Brasil Alfabetizado e nós criamos o DF Alfabetizado, para melhorar ainda mais os investimentos na área. Para cada real que o governo federal coloca na alfabetização, eu coloco mais um real. Com isso, os professores-colaboradores que atuam na alfabetização de jovens e adultos recebem uma bolsa extra de mais R$ 400 do GDF”, explica.
De acordo com ele, há incentivos também para os jovens, adultos e, principalmente, idosos que aderem ao programa. “Se for beneficiário do Bolsa Família, eu pago uma bolsa a mais: a Bolsa Alfa, que é de R$ 30, valor que nós vamos reajustar agora”, acrescenta. O governador conta que os alunos do programa de alfabetização também recebem kit material escolar e merenda adquirida da produção dos agricultores familiares do DF.
Erradicação total
Agora, Agnelo quer enfrentar o desafio de atingir os 2,1 % de analfabetos que persistem e erradicar de vez o problema no DF. Sabe que será cada vez mais difícil atingir o público residual, formado em grande parte por idosos, residentes na zona rural e com dificuldades de locomoção. “Vamos aumentar a ofensiva”, promete.
Na última segunda (12), o governo iniciou treinamento de servidores do judiciário que se mobilizaram para atuar na empreitada, como voluntários. Na abertura do curso, ministrado pela Coordenação de Educação de Jovens e Adultos (Cejad), a subsecretária de Educação, ressaltou a importância das parcerias para os bons resultados alcançados pelo DF.
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