"Consórcio PCJ pede ao DAEE e ANA que decretem calamidade hídrica e solicita recursos ao governo federal para recuperação das Bacias Alto Tietê e PCJ
Cibele Buoro,
Desde o dia do primeiro alerta para a estiagem severa que estava por vir, a Sabesp, autorizada pelo governador Geraldo Alckmin, "manteve os níveis de captação como se estivessem em situação de normalidade", lembra a promotora do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (Gaema) do Ministério Público de São Paulo Alexandra Facciolli Martins.
No Manifesto Salve o Cantareira do dia 25 de abril o Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) teve como um dos objetivos alertar o governo federal para a situação emergencial da região e cobrar das agências gestoras dos recursos hídricos -Agência Nacional das Águas (Ana) e Departamento das Águas e Energia Elétrica (Daee) - que decretassem imediatamente calamidade hídrica para mobilizar recursos financeiros direcionados para a recuperação das bacias do Alto Tietê e PCJ.
A falta de planejamento e investimentos desnudaram a real situação da gestão dos recursos hídricos do Estado de São Paulo. Os projetos que só agora saem do papel são antigos, alguns datados dos anos 70. A necessidade de ampliação da oferta de água para São Paulo é há muito tempo conhecida pelo governo, diz José Teixeira Filho, professor da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp e membro do grupo de pesquisa do Cantareira.
Em 2004, quando foi renovada a outorga por mais dez anos para que a Sabesp continuasse captando do Sistema Canteira, documento expedido pela Portaria DAEE 1213/2004 determinava a redução da dependência desses volumes. Estudos do Consórcio PCJ concluem que, para atender o crescimento populacional na RMSP a Sabesp deveria ter aumentado a sua oferta hídrica em 25 m3 por segundo, exatamente as vazões que utilizou nos últimos quatro anos. Entre os projetos para ampliação da quantidade de água disponível, cogita-se em retomar o projeto dos 7 reservatórios do Vale do Ribeira, talvez não sendo viável a construção de todos por motivo das muitas ocupações que ocorreram nos últimos anos, porém, o suficiente para reduzir a dependência do Sistema Cantareira. Mesmo com outras fontes como a represa de Guarapiranga, a RMSP permaneceu do início da crise, anunciada em julho de 2013, até março de 2014, retirando 31 m3 por segundo, provocando a falência dos reservatórios.
Quando questionamos a Sabesp sobre a possibilidade de as chuvas não acontecerem repetindo o final de 2013, e o não racionamento causar uma situação ainda mais grave, Helio Figueiredo revela ter como prioridade a Grande São Paulo: “Você tem que pensar também que deixar diretamente 9 milhões sem o abastecimento do Cantareira, e indiretamente 22 milhões, causa um problema na cidade, uma situação de crise generalizada”. Segundo o ambientalista José Furtado, é preciso chamar a atenção para o fato de a Sabesp, embora atenda municípios da Bacia PCJ, só centralizar a discussão na Grande São Paulo. “Lá há o paliativo de uso da Billings e Guarapiranga”. E o PCJ não tem alternativa.
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