Na primeira etapa do programa, em 2012, serão capacitados 25 mil trabalhadores (Foto: Arquivo Agência Brasil)
São Paulo - Em um investimento individual de R$ 1 mil para a formação de 100 mil trabalhadores da construção, o país pretende sanar um problema que retarda seu crescimento. A falta de qualificação profissional e o alto volume de investimentos em obras de infraestrutura foram os dois fatores determinantes para a assinatura de um acordo de cooperação técnica entre governo, indústria e trabalhadores, que tem como meta desenvolver a capacitação em quatro anos com recursos da ordem de R$ 100 milhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
A primeira etapa do Plano Setorial de Qualificação Nacional da Construção Civil, em 2012, vai abranger 25 mil trabalhadores interessados na profissão de ajudante, carpinteiro, armador, motorista, eletricista e pedreiro, entre outros. Além da formação técnica, o objetivo também é potencializar o desenvolvimento intelectual, técnico e cultural dos participantes. ...
Serão qualificados prioritariamente os cadastrados no Sistema Nacional de Emprego (Sine), responsável pela seleção dos candidatos. A supervisão de todo o processo será do Instituto Votorantim. A partir da seleção, os estados vão contratar as entidades que vão ministrar os cursos, seja Senai, Sesi ou outras.
A perspectiva da Abdib é que os investimentos em obras de infraestrutura entre 2011 e 2015 sejam de R$ 922 bilhões. Segundo a associação, houve uma evolução de R$ 59,9 bilhões em 2003 para R$ 146,5 bilhões em 2010.O diretor de Educação Corporativa da Abdib, Fábio Aidar, informou que há um grande desafio para reduzir as carências de mão de obra especializada para o grande volume de obras de infraestrutura que o país terá pela frente nos próximos anos. "Uma comissão composta por representantes dos trabalhadores, governos e iniciativa privada está levantando as principais demandas, para definir as metas e propostas para o desenvolvimento do programa, o que deve ser concluído nas próximas semanas. Acreditamos que iniciativas como essa, de ações conjuntas entre setor público e iniciativa privada para mitigar as lacunas da qualificação profissional, vêm ao encontro dos anseios do setor produtivo brasileiro e contribuem para o desenvolvimento socioeconômico do país”, disse.
Alguns aspectos do plano foram debatidos em audiência pública no dia 10 de outubro, na sede da Abdib, em São Paulo. À época, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, pediu a ajuda da Abdib para formatar os cursos nas áreas que os trabalhadores precisam e levar tais cursos para os canteiros de obras. "Não é simples formatar esses cursos lá de Brasília e por isso eu quero a ajuda de vocês", disse.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo ministro do Trabalho durante a audiência mostram crescimento na média salarial dos trabalhadores brasileiros no ato da admissão, já descontando os efeitos da inflação. Entre 2003 e 2010, o salário real dos trabalhadores recém-admitidos cresceu de 31% nos salários. Na construção civil, setor no qual o nível de emprego mais cresce em termos proporcionais, o ganho real no salário inicial foi de 7%.
O assessor da presidência da Fenatracop, Eduardo Armond, explicou que os trabalhadores poderão fazer mais de um curso, sendo um na sequência do outro. A Abdib deve encaminhar os já treinados para estágios em canteiros de obras.
Justificativa
Um outro estudo realizada no início deste ano pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela CBIC (Câmara Brasileira de Indústria da Construção) mostrou que 89% das empresas da construção civil apontaram a falta de mão de obra como o principal problema enfrentado na atualidade.
A seleção vai começar em janeiro. Com material didático modulado preparado pela Fundação Roberto Marinho, os cursos terão carga de 200 horas, sendo 120 teóricas e 80 práticas. Cada turma terá no máximo 30 alunos. Além da gratuidade do curso e do material didático, os alunos receberão vale-transporte e lanche nos locais das aulas. Para concluir o curso é necessária frequência de 75%.
A capacitação vai começar pelos estados do Amapá, Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Ceará, Rondônia, Paraná e Pará, onde concentram-se as maiores demandas. A proposta é instalar salas de aula nos canteiros de obra de projetos de infraestrutura espalhados por todas as regiões brasileiras. A oportunidade de emprego será imediata após o curso.
Do acordo participam o Ministério do Trabalho, a Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada (Fenatracop) e Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). As partes, que voltam a se reunir no próximo dia 17, para detalhar a execução do programa, pretendem preparar o caminho para fazer frente a um cenário de grandes obras, entre elas as relacionadas com a Copa do Mundo, metrô, mineração, Girau e muitas outras.
Os conteúdos básicos são comunicação verbal e escrita, leitura e compreensão de textos e raciocínio lógico-matemático. Além disso, saúde e segurança no trabalho, educação ambiental, direitos humanos, sociais e trabalhistas, relações interpessoais e obrigações e deveres no trabalho, informação e orientação profissional e ética. Fazem parte do curso também o conteúdo específico da função e as aulas práticas.
O despreparo na categoria foi apontado como o principal problema do setor, de acordo com a Sondagem Industrial da Construção da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada no último dia 31. O item foi apontado por 56,5% dos empresários ligados às micro, pequenas e médias empresas e por 48,8% dos executivos ouvidos pela pesquisa em grandes empresas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário