O mundo está em estado de tensão. Além da crise grega, que ocupa grandes espaços na mídia de mercado com advertências dos neoliberais sobre reflexos de uma quebra do país em outras partes do mundo, o primeiro-ministro de Israel, o militarista Benyamin Netanyahu mostrou mais uma vez a sua cara. Primeiro, ao cortar a contribuição anual de Israel à Unesco em represália ao ingresso da Palestina no organismo da ONU para a cultura, além da suspensão da cota destinada ao país que Israel não quer reconhecer e usa sofismas para não deixar claro a sua posição. Os EUA fez a mesma coisa que Israel em relação à Unesco....
Como se não bastasse, o governo de Netanyahu ampliou a represália ao anunciar a construção de mais assentamentos em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia. Se um acordo de paz entre israelenses e palestinos estava difícil, com o novo anúncio a paz torna-se praticamente inviável. No fundo é exatamente isso que quer Netanyahu tendo sido o ingresso da Palestina na Unesco mero pretexto para fortalecer o projeto do Grande Israel.
Em seguida, o mundo ficou sabendo que Netanyahu e seu ministro da Defesa Ehud Barak estão tentando convencer os seus pares para uma possível ação militar contra o Irã. Conseguiram a adesão do racista que ocupa o Ministério do Exterior, Avigdor Lieberman. O presidente Shimon Perez admitiu que a possibilidade de uma ação militar estava ficando mais próxima. Mas nem todos estão convencidos e pode ter sido por isso que a informação vazou.
O governo israelense usa como argumento o fato de o Irã estar preparando uma bomba atômica, o que é negado por Teerã. Pelo que se sabe, o único país da região que possui ogivas nucleares é Israel, mas protestos nesse sentido são tímidos e se limitam até agora a movimentos pacifistas. Os Estados Unidos, onde o loby sionista é forte, na pratica aceita a realidade de Israel nuclear. E convenhamos, um país controlado por um governo de extrema direita, como o de Netanyahu, torna-se um perigo para o mundo ter ao seu alcance bombas nucleares. Mas sobre isso os dirigentes ocidentais silenciam.
O noticiário em torno de uma possível ação militar contra o Irã já provocou a advertência de Teerã, que garante estar em condições de responder a um ataque com graves consequências para os países que decidirem a ação, Israel e os Estados Unidos. A OTAN por enquanto limitou-se a afirmar que não pretende agir no Irã. Em outras ocasiões a organização dizia o mesmo e acabava aderindo.
A única coisa que pode deter a insanidade de Netanyahu e do complexo industrial militar estadunidense é exatamente a possível resposta iraniana. O Irã, diga-se de passagem, pode ter o controle do estreito de Ormuz onde passa o petróleo do Golfo Pérsico que vai para o Ocidente. Na advertência iraniana foi lembrado que o estreito de Ormuz, da mesma forma que o território israelense, está ao alcance dos mísseis de Teerã.
Quer dizer, se a insanidade do extremista Netanyahu realmente prevalecer, o ataque de Israel ao Irã afetará muitos outros países e poderá resultar numa crise mundial sem precedentes.
Analistas acreditam que como o Ocidente não quer pagar para ver o que aconteceria depois de uma ação militar nos moldes contra o Irã, o noticiário alarmista objetiva na prática conseguir o apoio para a ampliação de ações diplomáticas visando maior isolamento do regime dos aiatolás e do presidente Ahmadinejad. Mas mesmo assim, todo cuidado é pouco, porque o governo israelense já agiu em outras ocasiões de forma isolada, como em 1981 ao atacar um complexo nuclear do Iraque. E quem garante que os EUA não estão estimulando Israel a realizar uma aventura militar?
Como o Irã não é o Iraque e está em melhores condições para reagir a um ataque, o Ocidente prefere por enquanto agir com mais cautela. A próxima semana poderá ser decisiva, porque a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) divulgará mais um relatório sobre a questão nuclear no Irã. Analistas já estão prevendo que a AIEA poderá confirmar a existência de um programa militar que levará a bomba atômica iraniana. Por enquanto são apenas especulações. O governo do Irã já acusou a AIEA de preparar um relatório mentiroso. Resta aguardar então o desenrolar dos acontecimentos.
Já na Grécia, depois do anúncio do primeiro ministro George Papandreu sobre a possível realização de um referendo para o povo decidir se o país aceita ou não o pacote econômico neoliberal, Nicolas Sarkozy e Angela Merkel subiram pelas paredes. Ameaçaram mundos e fundos se isso acontecesse, demonstrando que não são tão democratas como dizem, pois quem teme a palavra do povo não é propriamente democrata. Na verdade os dirigentes só aceitam o que diz o mercado, que por sua vez é incompatível com qualquer tipo de consulta popula.
Com a intensificação das pressões, Papandreu voltou atrás com a ideia da convocação do referendo e conseguiu um voto de confiança no Parlamento. Agora pode convocar um governo de união nacional, que a oposição mais a direita não aceita, porque quer antecipar as eleições gerais.
É possível que Papandreu apelou para o referendo como jogada política, mas de qualquer forma colocou no tabuleiro a possibilidade. O que está em questão verdadeiramente é o fato da União Europeia exigir que o povo grego pague a conta da crise provocada pelo capital financeiro.
Os gregos, heroicamente, saem diariamente às ruas para dar o recado: não aceitam as medidas draconianas contra os trabalhadores. Reduzir salários, aumentar o tempo para a aposentadoria e acabar com outras conquistas sociais, fora as privatizações e enfraquecimento do Estado é a receita europeia para enfrentar a crise que os trabalhadores não são responsáveis. Só resta ao povo grego reagir às imposições neoliberais.
Mário Augusto Jakobskind, Direto da Redação
Nenhum comentário:
Postar um comentário