ONG estrangeira arrecada US$ 19,3 milhões em projeto com empresas que continuam a extrair madeira em áreas de proteção de animais
Uma das principais organizações na oposição aos projetos de reforma do Código Florestal e de construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, a ONG britânica World Wildlife Foundation (WWF), recebe dinheiro e confere credibilidade a empresas que extraem madeira de “fonte indesejável”. Relatório divulgado recentemente por outra ONG britânica, a Global Witness, afirma que Rede Global de Comércio e Florestas (Global Forest and Trade Network - GFTN), com a qual a WWF amealha US$ 19,3 milhões anuais, “não está funcionando” para o seu devido fim.
“Quando o ponto de referência do esquema em nome da sustentabilidade e conservação tolera que uma de suas companhias membro destrua o habitat dos orangotangos, alguma coisa está seriamente errada”, afirmou Tom Picken, da Global Witness.
“A GFTN tem orgulho de seus sucessos, mas este relatório mostra que alguns foram super dimensionados e outros na verdade não são sucessos. A Global Witness acredita que as regras da GFTN são fracas, as estruturas de incentivo são falhas e as penalidades e monitoramento inadequados”, afirma o documento. Em bom português, é um programa para inglês ver....
A Rede Global de Comércio e Florestas é um programa da WWF que afirma reduzir o uso de madeira extraída de “forma indesejável” ou seja, “ilegal, que contribua para conflitos armados ou que sustente abusos de direitos humanos”. Começou há 20 anos e, segundo a ong, tem atualmente 288 empresas-membros que movimentam 16% do comércio internacional de produtos florestais. Confere às empresas um selo de “práticas sustentáveis” mas, a Global Witness relata pelo menos três casos de abusos que não foram informados pela WWF.
Um deles é o da empresa malaia Ta Ann Holdings Berhad, que retirou madeira de uma área equivalente a 20 campos de futebol por dia na floresta virgem de Borneo enquanto era membro do esquema WWF. “Investigações conduzidas pela Global Witness mostram-na [a Ta Ann] trabalhando legalmente nas fronteiras de um projeto de conservação da WWF anunciado como ‘crucial para a sobreviência de espécies ameaçadas, incluindo orangotangos e leopardos’”, diz notícia publicada no jornal inglês “The Guardian”.
As empresas, diz o relatório, pagam em média US$ 3.500 por ano para entrarem no esquema que, entre 2002 e 2006 “expandiu-se dramaticamente” com o aporte de quase US$ 10 milhões da agência norte-americana para o desenvolvimento (USAID), braço do Departamento de Estado dos EUA para a ingêrencia em outros países, seguido por doações dos governos da Inglaterra, Espanha, Alemanha, Suíça, Itália, França e Holanda que, como se sabe, são grandes conservadores da natureza dos outros mas não da sua própria.
“Doações de governos e agências representaram a maior fonte isolada dos fundos [do projeto], com 27% dos US$ 19,3 milhões em custos operacionais para o período de três anos terminados em 2010. Doações corporativas (17%), a rede central da WWF (16%) e a taxa dos participantes (14%) são as outras maiores fontes de recursos no mesmo período”, informa o relatório.
Brasil
No Brasil, a WWF é uma das principais opositoras aos projetos de desenvolvimento do governo em áreas florestadas. É co-autora de uma cartilha que afirma, entre outras coisas, que a reformulação do Código Florestal brasileiro vai causar a “extinção de espécies de plantas e animais”. Mesmo sabendo que áreas de diversidade biológica e animais em risco são protegidos por leis e mecanismos institucionais.
Também é apontada pela Agência Brasileira de Informação (Abin) como uma das militantes contra a construção da Usina de Belo Monte a serviço dos interesses de seus doadores. “Segundo o relatório anual da WWF-Brasil de 2009, menos de 9% do orçamento da instituição provém de doadores nacionais. Em 2008, a rede internacional WWF respondeu por 76% do orçamento da WWF-Brasil, acrescido de doações da Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos – USAID (R$ 2,5 milhões), da União Europeia (R$ 1,8 milhão), da embaixada da Holanda no Brasil (R$ 6 mil) e da embaixada britânica no Brasil (R$ 4 mil)”, descreve a Abin.
Sobre o esquema da WWF de conservação de madeira em florestas tropicais, a conclusão da Global Witness é que “nem as florestas nem os consumidores estão mais sendo beneficiados”.
Mariana Moura
No Folha13, via Com textolivre
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