Eliane Cantanhêde, a musa da febre amarela, ataca novamente. Ou melhor: puxa, de novo, o saco conceitual de Dilma Rousseff, em sua coluna de ontem na Folha de São Paulo. Como de costume, deixo de lado seu tucanês e vou ao pouco do que escreveu que realmente interessa. Em seguida continuo comentando.
“(…) Dilma não tem o carisma, nem o discurso popular, nem a mistificação de Lula, mas isso carrega desvantagens e também vantagens. Ela tenderá a manter uma direção e ser dura quando necessário, sem ser refém de índices de aceitação, recordes de popularidade (…)”
“(…) Dilma foi criança de classe média e de colégio de freira, deu uma cambalhota ao aderir a partidos adeptos da luta armada contra a ditadura, acabou presa e torturada ainda quase uma menina. É uma mulher valente, determinada, que tem objetivos e ideais. Merece crédito (…)”
Pouco importa em que contexto essas frases foram escritas. A exemplo de tantas que vêm sendo escritas no eixo jornalístico São Paulo-Rio, tentam vender uma espécie de “proteção” contra quem as proferiu. Uma “proteção” como a que milícias vendem à população nos morros cariocas, por exemplo.
Vejam qual é o preço que a mídia pede que Dilma pague pela proteção contra si mesma (a mídia) que oferece:
“(…) Começa hoje a contagem regressiva: a de Dilma para a posse e a de Lula para a saída do poder. Ela sobe a rampa, ele desce, mas falta saber em que altura cada um vai estacionar. Se for a meio caminho, o risco de Dilma é claro (…)”
Afago e ameaça, céu e inferno, carícias e pancadas… O recado vai sendo dado repetidas vezes. Que Dilma não ouse enfrentar a mídia, falar contra ela como fez Lula, deixar como está ou aumentar a divisão do bolo da publicidade oficial, levar adiante a inclusão de negros pobres na universidade, contrariar os Estados Unidos… E por aí vai.
Dilma é uma mulher admirável. Suportou com altivez os ataques mais baixos de que se tem notícia numa campanha eleitoral – nem para Lula arrumaram um parceiro homossexual como fizeram com ela. Isso sem falar em sua bela história de luta pela democracia durante a ditadura. Não acredito que fosse ceder à chantagem midiática.
Todavia, discordo de a presidente eleita dizer, durante a sua diplomação ontem no Tribunal Superior Eleitoral, que defenderá a “liberdade de imprensa”. Há valores fundamentais para ela dizer que defenderá e que estão sob ameaça real no Brasil de hoje, e a “liberdade de imprensa” não é um deles.
blog da cidadania
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