"Os oitos anos em que o DEM viveu na oposição ao governo Lula poderiam ter sido um bom momento para a construção de um partido orgânico, de direita, que poderia ocupar um vácuo no plano das ideias políticas no país. Não deu certo"
Rudolfo Lago, Congresso em Foco
O empenho do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, para fundir o DEM com o PMDB envolve um cálculo político-eleitoral pragmático. No caso específico de São Paulo, seria a união de um partido que nunca conseguiu ter expressão no estado com outro partido que cresce em todos os cantos, mas diminui nas urnas paulistas desde a invenção do PSDB.
Com a doença de Orestes Quércia, saiu do páreo o único peemedebista com votos para puxar o restante do partido. O vice-presidente eleito Michel Temer, atual presidente do PMDB, tem prestígio e comando partidário interno, mas nunca foi muito bom de voto. Nas eleições passadas, quase acabou como suplente de deputado, por pouco não se elegeu. Agora, foi vice de Dilma não pelo número de simpatizantes que individualmente tinha no eleitorado, mas pela possibilidade de levar o maior partido do país para a aliança (e, aí, com todos os caciques regionais peemedebistas em outros estados que realmente têm votos).
Agora, portanto, a ideia era dar a Kassab uma estrutura partidária que o DEM não pode lhe dar. E, em contrapartida, o PMDB apostaria no prefeito de São Paulo como a alternativa a herdar o manancial de votos que era explorado por Quércia, se ele não tiver mais saúde para retornar. A proposta é boa para Kassab, e é por isso que ele deve aceitá-la, mesmo não conseguindo levar com ele o restante do DEM.
O que é o mais provável. O DEM não vai se fundir com o PMDB. Mas balançou um bocado com a possibilidade. E a história acabou por expor toda a fragilidade do ex-PFL após a derrota das oposições na disputa com a candidata do PT, Dilma Rousseff. Os oposicionistas estavam certos que voltariam ao poder ao final da era do fenômeno Lula. Não voltaram. A derrota feriu um bocado o PSDB, que terá de se reciclar para se adaptar ao novo mundo. Mas, quanto ao DEM, a derrota deixou o partido em frangalhos.”
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