Nicolau Maquiavel (1469 - 1527) com a sua visão talvez muito realista ou pessimista do cenário político de seu tempo resumiu neste "manual para soberanos" os princípios básicos para governar e manter principados, tendo dedicado esta obra em 1518 a Lourenço de Médici, depois do seu banimento da sociedade de Florença. Selecionei abaixo algumas passagens deste livro, polêmicas é claro, mas que permaneceram ao longo do tempo como o retrato de uma época, ou seriam ainda hoje aplicáveis? Bom tema para debate.
"A crueldade bem empregada - se é lícito falar bem do mal - é aquela que se faz de uma só vez, por necessidade de segurança; depois não se deve perseverar nela, mas convertê-la no máximo de benefício para os súditos (...) Donde se nota que, ao tomar um Estado, o usurpador deve ponderar que violências precisam ser infligidas e praticá-las todas de uma vez, para não ter que renová-las a cada dia e assim poder, não as renovando, tranquilizar os homens e seduzi-los com benefícios."(capítulo VIII - "Daqueles que, por atos criminosos, chegaram ao principado").
"Em toda cidade se encontram essas duas tendências opostas: de uma parte, o povo não quer ser comandado nem oprimido pelos poderosos, de outra, os poderosos querem comandar e oprimir o povo; desses dois desejos antagônicos advém nas cidades uma das três consequências: principado, liberdade ou desordem." (capítulo IX - "Do principado civil").
"O príncipe deve inspirar temor de tal modo que, se não puder ser amado, ao menos evite atrair o ódio, já que é perfeitamente possível ser temido sem ser odiado. Isso só será viável se ele não cobiçar os bens de seus cidadãos e de seus súditos, bem como as mulheres destes. E, quando for imprescindível agir contra o sangue de alguém, que o faça por uma justificativa sólida e um motivo evidente. Mas o mais importante é abster-se de bens alheios, pois os homens se esquecem com maior rapidez da morte de um pai que da perda do patrimônio." (capítulo XVII - "Da crueldade e da piedade; e se é melhor ser amado que temido").
"Não quero deixar para trás um ponto importante, um erro do qual os príncipes dificilmente sabem defender-se, a menos que sejam muito prudentes e façam boas escolhas. Refiro-me aos aduladores, dos quais as cortes estão repletas: pois os homens se comprazem tanto com suas coisas, e de tal modo se enganam com elas, que com dificuldade se defendem dessa peste." (capítulo XXIII - "Como escapar aos aduladores").
"Tenho para mim que é melhor ser impetuoso que prudente: porque a fortuna é mulher, e é preciso, caso se queira mantê-la submissa, dobrá-la e forçá-la. De resto, vê-se que ela se deixa vencer mais por estes que por aqueles que procedem friamente; no entanto, na condição de mulher, ela é sempre amiga dos jovens, os quais são menos respeitosos, mais ferozes e, com maior audácia, a comandam." (Capítulo XXIV - "Por que os príncipes da Itália perderam seus reinos").
By: Mundo de K
Nenhum comentário:
Postar um comentário