"A revelação de que o esquema da Lava Jato começou no governo FHC provocou o silêncio do “indignado” Aécio Neves e seus acólitos e, também, do próprio FHC
Ribamar Fonseca, Brasil 247
A manifestação pedindo o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, realizada em São Paulo por um punhado de rola-bostas (aqueles que compartilham dejetos postados nas redes sociais), não teve nenhuma ressonância no seio da sociedade, caracterizando-se como um movimento isolado de alienados desligados da realidade democrática brasileira. O clima de golpismo, criado pelos derrotados nas últimas eleições presidenciais e estimulado por conhecidos colunistas da ultra-direita, desvaneceu-se diante da manifestação dos comandantes militares que, conscientes do papel das Forças Armadas na defesa da legalidade, confirmaram a democracia vigente no país e afirmaram que não existe nenhuma possibilidade de golpe.
Também contribuiu para o arrefecimento dos ânimos golpistas o desenvolvimento da Operação Lava-Jato, que revelou ter a corrupção na Petrobrás se iniciado no governo de Fernando Henrique e, inclusive, beneficiado políticos do ninho tucano. Tal revelação provocou o silêncio do "indignado" Aécio Neves e seus acólitos e, também, do próprio FHC, que se declarou contra a CPI. Para completar, por conta das preferências partidárias de delegados encarregados das investigações, dos vazamentos seletivos e do esforço do juiz Sérgio Moro em impedir a citação de políticos para não entregar ao STF o controle do inquérito, a operação perdeu, passado o impacto inicial, a credibilidade e a confiabilidade do povo brasileiro, que esperava um trabalho mais sério para por tudo em pratos limpos.
Por outro lado, a presidenta Dilma Rousseff calou a oposição ao escolher a sua nova equipe econômica, incluindo nomes antes vistos como ligados ao candidato derrotado. O ex-governador tucano Alberto Goldman, um dos mais ferozes críticos do governo, revelando uma visão vesga do ato da Presidenta enxergou na escolha dos novos ministros uma vitória do senador mineiro, afirmando em artigo que Dilma presidirá a República "mas quem venceu a parada sobre a política que deve dirigir o país nos próximos anos foi Aécio Neves". Dá pena ver-se semelhante interpretação, sobretudo partindo de um homem que, por seu histórico político, tinha a obrigação de ter equilíbrio e senso do ridículo. Primeiro porque o "ministro da Fazenda" de Aécio era o Armínio Fraga – e não o Levy – e segundo, porque Dilma, na verdade, revelou isenção política e grandeza de atitude ao mostrar-se mais preocupada com os interesses do país do que com os interesses partidários.
Outro fato que contribuiu bastante para o silêncio dos "indignados" tucanos, que agora se tornaram mais introspectivos, foi o artigo do empresário Ricardo Semler, publicado na "Folha de São Paulo", no qual demonstrou que a corrupção hoje é bem menor do que a verificada antes dos governos petistas.
Depois disso tudo, os oposicionistas mais radicais se limitam agora apenas a fazer barulho, como siris na lata, porque ficaram sem discurso. Até o senador Aloysio Nunes, vice de Aécio, ficou estranhamente mais cauteloso, evitando inclusive nova participação na última manifestação pela derrubada da Presidenta porque, apesar do pavio curto, percebeu que não há mais clima para isso. A esperança deles agora, pelo visto, é o ministro Gilmar Mendes, o tucano enrustido que examina as contas da campanha eleitoral do PT e que recentemente salvou a pele de outro tucano enrustido, o procurador Di Grandis, que estava sendo processado pelo Ministério Público por procrastinar, criminosamente, a apuração, solicitada pela Justiça suíça, das denúncias sobre propinas e cartel nos trens do metrô paulista.
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