Eduardo Cunha |
"Para que servem, afinal, os partidos políticos, que nos custam tão caro (verbas do fundo partidário, tempo de televisão, etc.) e não param de se multiplicar?
Se alguém ainda tinha alguma dúvida da inutilidade dos partidos políticos brasileiros, e de que jogamos dinheiro fora para sustenta-los, um evento solene marcado para as 18 horas desta quinta-feira, no Congresso Nacional, em Brasília, é emblemático da falência desta miríade de siglas, que hoje não querem dizer absolutamente nada.
Trata-se do lançamento oficial da candidatura do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atual líder do partido, à presidência da Câmara Federal. Embora o PMDB seja o principal aliado do PT e tenha o vice-presidente da República, Michel Temer, reeleito na chapa de Dilma Rousseff, Cunha notabilizou-se na atual legislatura como o mais combativo e agressivo adversário do governo federal.
Contra a vontade de Dilma e de Temer, este controvertido deputado carioca, que está indo para seu quarto mandato e começou na vida pública como integrante da tropa de choque de Fernando Collor, levado pelas mãos de PC Farias, nos anos 1990, lançou sua campanha já faz tempo, quebrando um acordo de revezamento na presidência celebrado pelos dois partidos em 2010.
Agora, era a vez do PT, que tem a maior bancada, indicar o candidato, mas Cunha não liga muito para estas coisas de acordos e programas partidários.
E não são empresas pequenas: Bradesco, BTG Pactual, Safra, Santander, Vale, Ambev e Coca-Cola estão na lista dos doadores que deram ao peemedebista um total declarado de R$ 6,8 milhões. Se sobrou dinheiro, como ele afirma, não é difícil imaginar como Cunha fez para ajudar nas campanhas de sua base suprapartidária, além de dar conselhos, é claro.
Sem estas doações desinteressadas, como Eduardo Cunha poderia montar sua bancada particular e surgir como franco favorito para assumir a presidência da Câmara nos próximos dois anos, desafiando os caciques do seu próprio partido? O deputado Gastão Vieira, do Maranhão, que já foi seu rival e recebeu a módica ajuda de R$ 300 mil para fazer campanha, só tem elogios a fazer à generosidade de Cunha: "Ele ajudou todo mundo", admitiu aos repórteres da Folha. Um dos doadores, executivo de grande empresa, revelou que Cunha lhe pediu ajuda para um grupo de 20 a 30 candidatos a deputado, em sua maioria do Nordeste, de Minas Gerais e do Rio.
Vamos que vamos."
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