terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Como transformar problemas no “fim do mundo”. Ou comando em submissão


Fernando Brito, Tijolaço  

"Não há – e tudo parece demonstrar que não poderia haver – qualquer acusação de desonestidade contra a presidente da Petrobras, cuja cabeça está sendo exigida pelo mídia-mercado, com a ajuda da direita mais histérica.

Não se lhe aponta, também, nenhuma incompetência técnico-gerencial na condução da companhia, cujos problemas nem seus mais ferrenhos inimigos colocaram além dos fatos de ter de conduzir um imenso programa de investimentos de longa maturação e de ter de suportar algo que já não existe: um descompasso entre os preços externos do petróleo e os cobrados internamente por seus derivados.

As denúncias contra ela limitam-se a um “ela sabia”, agora calcado numa funcionária que atuou por anos como braço operacional do “ladrão de carreira” Paulo Roberto Costa  e que está, há dois anos, sendo ela própria objeto de investigação, como fica claro na nota expedida pela empresa.

Mas, sem ter roubado um tostão ou cometido qualquer ato desastroso, Graça Foster está sendo imolada em papel jornal.
A razão, claro, é política.

Aquilo, aliás, a que Graça Foster sempre se negou a fazer na empresa e por isso, injustamente, pague o preço de não compreender que é a Petrobras é, desde o seu nascimento, inseparável da luta política pela soberania nacional.
Ontem, apontei  – ou melhor, transmiti o que O Globo apontou – como os objetivos políticos desta operação.

Não se quer “um técnico” na direção da empresa.

Quer-se um “mercadista”, que transforme o processo de retração circunstancial que a conjuntura – queda de mais de 40% no preço internacional do petróleo – impõe ao ritmo de investimento da empresa em retração permanente de sua participação na exploração do petróleo  brasileiro.

Há uma crise mundial aguda e artificial no setor petroleiro (ajudada pela subvenção americana à extração de shale gas), que pode ser vista no gráfico que coloquei no alto do post, onde incluí também a Vale, que está sofrendo com a redução dos preços do minério de ferro.

Claro que a queda da Petrobras (e da Gazprom, que é da Rússia) sofrem desvalorização adicional,por estarem fora do “clube dos ricos” e, ambas, submetidas a intensa pressão política.

É esta a equação que Dilma Roussef tem de enfrentar.

Devolver à Petrobras as condições políticas de enfrentar tanto à crise externa quanto à sabotagem interna.

Mas não fazer da mudança um ato de fraqueza."

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