Fernando Brito, Tijolaço
"Mestre Janio de, Freitas,com o misto de esperança e ceticismo de quem viu a história transcorrer por décadas, escreve hoje na Folha algo que precisava ser dito sobre este caso da Operação Lava-Jato.
Mudar para continuar
Janio de Freitas
No caso extremo dessas esperadas mudanças a história oferece a fileira de golpes de Estado, consumados ou não. A cada recuperação do regime legal estuprado pelos militares, “nunca mais haveria golpe”. Até vir o seguinte.
Entre nós, na melhor hipótese, mudam-se os métodos. Já na primeira eleição com princípios democráticos, pós-ditadura militar, exibiu-se o golpe eleitoral preventivo. Solucionou o temido risco de violência civil, em dimensão nacional, contra a conspiração e o golpe militar no caso da possível eleição de Lula. Agora mesmo passeia pelas ruas de São Paulo uma gangue de marcolas ideológicos pedindo um golpe sob a forma de impeachment.
Passa-se o mesmo com a impunidade. Além de não acabar só porque a prisão de empreiteiros seria exemplar, assume no próprio escândalo da Petrobras uma nova face, para facilitar-lhe a permanência. A delação premiada é uma forma de impunidade. O patife delata alguns comparsas, devolvem o que ninguém sabe se é o todo do que furtaram, e vão viver em casa como aposentados ricos (o que devolveram não inclui o que ganharam com uso do dinheiro furtado, nem há quem saiba qual foi esse ganho total). Em palavras de Rodrigo Janot, que mantém um desempenho muito acima de seus dois últimos antecessores como procurador-geral da República, e falou à Folha:
“Eu só não aceito perdão judicial [no acordo de delação]. Se for um crime que tenha já [direito a] semiaberto, sempre que for possível eu vou botar no aberto. Vá cumprir pena em casa, sem problema nenhum”.
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