Repetições e Farsas
Por F.Prieto, via Sala Fério
Inicia-se, com o caso já batizado 'petrolão', a tentativa de repetição da farsa do ‘mensalão’. Não estou afirmando aqui que quaisquer das acusações, em ambos os casos maximamente explorados pela mídia e alçados de imediato ao status de ‘escândalos nacionais’, seja verdadeira ou falsa. O que afirmo é que as acusações e julgamentos têm sido manipulados para dar a entender que os esquemas denunciados teriam se iniciado com o PT e que só esse partido teria incorrido nessas supostas práticas. E têm sido manipuladas, também, para criar um clima político de oposição e rejeição pública ao partido que chegou ao poder por último e pelas urnas, penalizando ainda as alianças que porventura tenha no momento. Em ambos os casos, as atuações dos órgãos judiciais, das polícias a ele vinculadas e do ministério público pareceram (e parecem ainda) algo orquestrado para dar a impressão de que o PT inventou a corrupção no país e no mundo e de que seria o único beneficiário da mesma, o que sabemos não ser verdadeiro e que nos traz a percepção de uma farsa repetida.
Percebe-se que as investigações a mando de juízes que declaram aversão pública ao partido dos trabalhadores e simpatia a candidatos tucanos e executadas por delegados que seguem a mesma linha política servem para formar libelos acusatórios escritos a quatro mãos por procuradores tampouco isentos e esses próprios magistrados – alguns dos quais chegam ao cúmulo de receber publicamente comendas dos adversários políticos do PT e prestigiar eventos de seus inimigos declarados – estão longe de ser limpas e transparentes. Tudo isso nos repugna porque é usado como um escudo para punir um único grupo político e isentar os que de fato usaram e abusaram de tais esquemas em passado recente e com toda certeza ainda se utilizam deles.
Sim, somos a favor do combate sem tréguas à corrupção e desvios de quaisquer tipos, mas esse combate não pode ser dirigido só contra o partido dos trabalhadores ou preferencialmente a ele. A ética não pode ser seletiva! A nossa não é e a de juízes, promotores e delegados teria que ser inatacável, mas não o é. Aqueles que ordenam e realizam as investigações e os que preparam os libelos acusatórios, isto é, a denúncia, têm que ser isentos no mínimo em aparência, já que seus códigos de conduta funcional exigem tal comportamento e consideram transgressões disciplinares quaisquer manifestações públicas de apreço ou desapreço a autoridades, mas fingem estar acima desse regulamento e são aplaudidos por uma mídia em permanente ataque ao PT, mas que apoia e ajuda a esconder delitos dos adversários políticos desse partido. Esses meios, ao invés de informar os fatos de maneira clara e imparcial, manipulam manchetes, imagens e conteúdos de matérias jornalísticas para dar a entender que só o PT e seus aliados de momento, seriam os únicos a errar, o que é igualmente falso e tendencioso, em especial pelo fato desses esquemas – supondo serem verdadeiros e ocorrerem de acordo com a denúncia – certamente preexistirem à chegada do PT ao poder.
E esse é o ponto chave da discussão: se é fato, e verdadeiramente é, que Marcos Valério já fora operador financeiro do PSDB e do DEM bem antes de intermediar verbas de campanha para o PT, e se também é fato que o delator premiado do atual caso da Petrobras, Paulo Roberto Costa, já trabalhava na empresa desde 1978 e já fora chefe de logística e diretor da Gaspetro durante gestões tucanas e nomeado por eles, as investigações sobre possíveis delitos em que estivessem envolvidos não poderiam e não podem se limitar a administrações petistas. Em ambos os casos, fazer isso soa como ocultar parte dos fatos para tentar prejudicar um grupo político específico e beneficiar outro. O marco temporal e o foco das investigações e das denúncias está, em ambos os casos, visivelmente manipulado e errado. Soa como dizer que alguém virou um alcoólatra a partir somente dos últimos copos ou só depois que experimentou determinada marca de vodca ...
sugado do: http://blogdoitarcio.blogspot.com.br/2014/11/delacao-premeditada-e-farsa-do-petrolao.html
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