Brasil 247
O ciúme de Debbi Wood, de 31 anos, é patológico e ela foi diagnosticada com "síndrome de Otelo".
O nome é inspirado na famosa obra de Shakespeare, Otelo - na qual o personagem principal, possuído por um ciúme doentio, mata sua esposa, Desdêmona.
As pessoas que têm síndrome de Otelo sofrem com o delírio de que seus parceiros ou parceiras são infiéis.
"A pessoa fica obcecada com a ideia de traição e infidelidade e tenta fazer de tudo para buscar provas que mostrem que ela está certa", explicou à BBC o psiquiatra Walter Ghedin.
Casos extremos
"Quando se chega ao homicídio é porque existe outro tipo de personalidade patológica, que se desenvolve a partir de uma paranóia ou em um ciúme delirante", diz o especialista.
Segundo Ghedin, há casos em que o ciúme é reforçado pela influência de terceiras pessoas.
Ele lembra que na obra de Shakespeare, Yago ajudou a convencer Otelo que Desdêmona seria infiel.
"As pessoas ciumentas podem ser influenciadas pelas opiniões de outras pessoas - ou pelos meios de comunicação", diz o psiquiatra.
Segundo o especialista, a melhor forma de tratar a síndrome de Otelo é buscar ajuda o quanto antes e entender as causas do problema.
A psicoterapia seria uma grande ajuda e, nos casos extremos, se recomenda medicação.
"Em alguns pacientes a ideia de infidelidade é tão forte, tão recorrente no pensamento, que altera as relações com outras pessoas. Nesses casos, uma medicação pode atenuar a intensidade dessa ideia fixa", diz Ghedin.
Tipos de ciúme
Segundo Ghedin, há quatro tipos de ciúmes:
- Reação emocional normal: trata-se de um sentimento transitório, que não condiciona a vida de quem o sente.
- Reação emocional desmedida: afeta sobretudo as relações amorosas. Pode ou não ter sido precedida de situações de infidelidade
- Síndrome de Otelo: como dito anteriormente, um distúrbio caracterizado por pensamentos delirantes de ciúme. O delírio que alimenta o ciúme pode ser parte de um transtorno crônico ou paranóia, mas também pode indicar um quadro de demência por deterioração do córtex cerebral ou de alcoolismo crônico.
Homens
No homem, "o apego real e simbólico à figura da mãe" atuaria inconscientemente gerando sentimentos "ambivalentes" de amor e ódio com relação a outras mulheres.
No que diz respeito a influência da cultura, segundo o psiquiatra, o problema é que em muitas sociedades ainda é forte a ideia de poder e dominação dos homens sobre as mulheres.
Como resultado, alguns homens esperam que suas companheiras se submetam a suas regras e qualquer conduta de autonomia é vista como suspeita.
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