quinta-feira, 9 de outubro de 2014

MÍDIA, MERCADO E INSTITUTOS: ELEITORES PRIVILEGIADOS?

         No Brasil há dois eleitores que, apesar de não terem título para votar e nem registro em qualquer tribunal eleitoral, influenciam mais as eleições que qualquer partido ou agente político legitimado. Esses eleitores têm nome e são citados a toda hora: mídia e mercado. Um terceiro ente coletivo que anda a reboque dos dois primeiros e também pode ser considerado um eleitor privilegiado são os institutos de pesquisa (que erram feio em muitos momentos mas fica por isso mesmo, a despeito do preço bastante alto das pesquisas e de pretensas margens rígidas de erro e confiabilidade). Tais institutos realizam pesquisas sob contrato dos principais meios de comunicação que apoiam partidos de direita, e também de confederações de indústria e outros entes patronais. Não admira portanto que em muitos momentos as pesquisas reflitam de fato mais o desejo dos contratantes que a real intenção de voto dos eleitores. É tudo um grande negócio ...


         Não classifico aqui esses eleitores como meros 'cabos eleitorais' pois, apesar de não votarem diretamente, influenciam mais o voto que os próprios candidatos, partidos, apoiadores célebres e militância. Eles de fato elegem quem querem, se deixarmos. Seu voto vale mais que o nosso, simples cidadãos unipessoais. Falam com vozes de milhões de megawatts e ocupam muito mais espaços que os da propaganda eleitoral oficial. Se uma hora na televisão e no rádio é dedicada obrigatoriamente ao horário eleitoral gratuito, as demais 23 horas ficam livres para os eleitores privilegiados fazerem campanha por quem quiserem, atacando os candidatos considerados inimigos e apoiando ou encobrindo os erros dos seus amigos - a ponto de fazerem desaparecer no ar (ou do ar) escândalos de Metrôs, helicóptero com 450 kg de pasta de coca, aeroporto em terra de tio com pendência judicial, tarifas superfaturadas de energia, falta d'água por ausência de investimentos em captação, salários baixos do magistério estadual, censura à imprensa alternativa, etc ...

         O poder desses eleitores privilegiados é tão grande que podem criar inflação artificialmente, apoiar ou incitar violência, apontar o dedo e os holofotes só para erros dos inimigos ou problemas a ele atribuídos, nos convencer a mudar de lado e opinião como eles mudam - mas pior que isso, conseguem transformar um país que avança em vários setores em um caso de 'fracasso' e 'má gestão' e um 'mau investimento', bastando para isso carregar no nanquim e nos contornos trágicos de seus relatos diários. Algumas redes varejistas (mercado, na acepção popular do termo) chegam a apostar nessa linha e abrir mão de vendas certas para cobrar preços acima da realidade e, com isso, ajudar a criar condição para que seus amigos sejam eleitos.
       Enquanto esses eleitores privilegiados - mídia, mercado e institutos de pesquisa - detiverem tanto poder a ponto de agirem como verdadeiros semideuses sem serem incomodados e tentarem influenciar o voto descaradamente, viveremos uma realidade esquizofrênica na qual o país 'piora a cada 4 anos' - para logo em seguida melhorar. Melhora porque é ruim para os negócios forjar crises prolongadas, porque não se consegue enganar todos o tempo todo e porque até mesmo os semideuses têm, de tempos em tempos, que reconhecer suas limitações e aceitar a realidade factual: apesar de todas as crises forjadas e de todo o mau agouro, o Brasil melhorou e vai continuar a melhorar!

Flávio B.Prieto da Silvahttp://salafehrio.blogspot.com.br/2014/10/midia-mercado-e-institutos-eleitores.html

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