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Marco Damiani, Brasil 247
Tratada como fenômeno, a verdadeira surpresa da eleição presidencial até aqui, no sentido de ter mais e crescente confiança da opinião pública neste primeiro turno, não é, já se sabia desde a semana passada, Marina Silva. Falta, porém, os adversários reconhecerem, o que é duro, que esse fenômeno é mesmo a presidente Dilma Rousseff.
Com a diferença que ela tem sofrido por mais tempo e a partir de máquinas bilionárias com altíssimo poder de destruição. E, repita-se, ela está de pé.
A simples atribuição de todas e cada uma das forças da presidente ao programa Bolsa Família, com 14 milhões de beneficiários, não explica o verdadeiro fenômeno de resiliência que ela encerra. Dilma não tem interlocutores éticos na cúpula da pirâmide patronal da mídia, mas vai sabendo, como primeiro anotou, em 247, o editor Paulo Moreira Leite, voltar ao seu estado natural de favorita à vitória,mesmo após todas as iniciativas para a deformação de sua imagem.
Para quem só acredita em números de pesquisas, ainda que estas tenham apresentado falhas grosseiras nas eleições municipais de 2012, todas convergem para colocar Dilma numa posição, longe de ser confortável, perto da que os adversários não queriam. Vai se lembrar que, se Dilma jamais baixou de 30 pontos nas pesquisas para primeiro turno, também faz tempo que não apresenta 40. No momento, porém, tanto Datafolha como Ibope apresentam a presidente com seu caminhão de campanha na direção de voltar ao patamar inicial. Um subido íngreme, mas que a campanha do PT está sabendo, sem grandes retrocessos, escalar.
Em janeiro do ano passado, os veículos conhecidos genericamente como 'formadores de opinião' associaram em suas capas, manchetes e matérias de televisão e rádio Dilma à "inflação do tomate". Montagens, charges, caricaturas, editorialistas, economistas e fontes de toda espécie se somaram, então, no maior movimento de depreciação que um governo que manteve a inflação dentro da meta e a taxa de desemprego em níveis históricos de baixa já havia sofrido. Neste e em muitos outros medidores macroeconômicos, Dilma e seu governo entregaram resultados absolutamente razoáveis e facilmente compreensíveis dentro do contexto global, mas não houve taxa ou percentual que barrasse a onda crescente de notícias escolhidas a pior, projeções catastrofistas e análises que não se combinaram com a realidade.
EPPUR SI MUOVE - Tudo foi contra Dilma. E tudo continua contra ela. Eppur si muove. Num país que, a cada eleição, fica cada vez mais dependente das pesquisas de opinião de precisão discutível para entender o presente e projetar o futuro, a presidente está ganhando no critério que mais se leva em consideração: as próprias pesquisas.
Já está ocorrendo de um contingente em ascensão acreditar que Dilma é uma boa presidente e uma candidata extremamente competitiva. Se mostrou ter 'casca grossa' para chegar sã e salva até aqui, como evitar devolver a ela o favoritismo que sempre exibiu?"
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